Brasil pode superar EUA em número de casos e mortes por dia em março

OMS (Organização Mundial de Saúde) analisa situação delicada no país com taxa de contágio alta, poucas vacinas, variantes mais contagiosas e falta de medidas de controle contra o vírus

A ineficácia do governo brasileiro em combater a proliferação do novo coronavírus preocupa a comunidade internacional. Com elevado número de casos no Brasil, a falta de medidas nacionais para frear a nova variante e de cuidado com passageiros internacionais que transitam pelo país despertam um alerta global.

Segundo apurou a coluna de Jamil Chade, no Uol, a OMS (Organização Mundial de Saúde) prevê que o Brasil irá ultrapassar os Estados Unidos em novas infecções diárias ainda em março, possivelmente em termos de mortes diárias, caso não haja uma mudança no combate ao vírus no país.

Na última semana, o monitoramento de novos casos no mundo por parte da OMS indicou um aumento em quatro das seis regiões analisadas. A preocupação maior com o Brasil se dá justamente pela falta de ação do governo brasileiro em interromper as transmissões com medidas de restrição, além do ritmo lento de vacinação e falta de controle de novas variantes.

Em dezembro, cerca de 1,6 milhões de americanos se infectavam semanalmente, enquanto no Brasil a média era de 326 mil novos casos. Na última semana, os EUA registraram 471 mil casos e o Brasil cerca de 378 mil. A população americana excede a brasileira em 110 milhões de pessoas.

Em números de óbitos, o Brasil passou de 5,2 mil mortes por semana em dezembro para 8,2 mil nos últimos sete dias. Os EUA reduziram 18 mil mortes por semana para 14 mil casos na última semana.

A tendência é de crescimento nas duas taxas no Brasil, enquanto nos EUA a vacinação segue em ritmo mais acelerado que no Brasil. Foram 50 milhões de americanos vacinados, enquanto, no Brasil, apenas sete milhões foram imunizados, o 47° no ranking mundial de taxa de vacina por habitante.

A inabilidade em providenciar vacinas soma-se à condução desastrosa da pandemia no Brasil. Na última sexta-feira (26), o chefe de operações da OMS, Mike Ryan, referiu-se à situação no Brasil como “tragédia” e que o mundo deveria tomar como lição para não relaxar medidas de controle.

Nova variante, P.1

Um fator decisivo para pressão internacional por um maior cuidado Brasil é a expansão das novas variantes do vírus para outros países. Um estudo com base em 184 amostras de pacientes diagnosticados com covid-19 em um laboratório de Manaus entre novembro de 2020 e janeiro de 2021 aponta que a cepa de Manaus, conhecida como P.1, seja entre 1,4 e 2,2 vezes mais transmissível que as linhagens que a precederam. O estudo coordenado pela professora da USP Ester Sabino e o pesquisador da Universidade de Oxford Nuno Faria indica também que, mesmo com anticorpos, a chance de ser infectado pela nova variante é maior.

A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), que apoiou o estudo, afirmou em nota que “os cientistas estimam ainda que em parte dos indivíduos já infectados pelo SARS-CoV-2 —algo entre 25% e 61%— a nova variante seja capaz de driblar o sistema imune e causar uma nova infecção.”

O Reino Unido, que anunciou no final do ano passado uma cepa mais contagiosa no país, identificou seis pessoas infectadas com a variante brasileira. No fim de semana, as autoridades de Londres iniciaram uma busca por indivíduo que não preencheu um formulário de registro de teste ou que não recebeu seu resultado. Autoridades de Paris e Madri também querem um controle maior de passageiros que estiveram no Brasil.

Com informações de Uol

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *