RJ: 15% dos casos de desaparecimentos não são solucionados
Dois anos depois de registrados os desaparecimentos de cerca de 4 mil pessoas, 14,7 % dos casos ainda não foram solucionados, no Rio. A informação consta de pesquisa divulgada quinta-feira (10) pela Secretaria de Segurança Pública do estado, que tentou desmistificar as suspeitas de que assassinatos poderiam ser classificados como desaparecimentos nas estatísticas oficiais.
Publicado 10/12/2009 20:30
“O estado tem que saber quem são essas pessoas [as 14,7% desaparecidas], a motivação [dos desaparecimentos], sabemos que é preciso um trabalho de investigação”, afirmou o secretário, José Mariano Beltrame. Apesar disso, afirmou que “os dados estão agora apresentados de uma maneira mais clara”.
A Pesquisa de Desaparecidos é inédita e foi realizada em 2007 pelo Instituto de Segurança Pública (ISP). Refere-se a uma amostra de 456 casos notificados, em todo o estado. Neste ano, cerca de 10 pesquisadores cruzaram dados dos boletins de ocorrência com os do sistema de saúde e da segurança pública, além de entrevistar parentes das vítimas.
Além dos casos de desparecimento por mais de dois anos, a pesquisa também constatou que 71,3% das vítimas da amostra voltou para casa e 6,8% dos desaparecidos estavam mortos. Sobre 4,4% dos casos o ISP não conseguiu informações e em 2,9% dos casos, as famílias contestaram a notificação, negando que o desaparecimento, embora registrado, tivesse ocorrido.
Em relação ao perfil das vítimas, o levantamento aponta que a maioria era de homens (61,6%) com idades entre 10 e 19 anos (33,2%). O principal motivo para saírem de casa eram questões familiares, como detectou a categoria “fuga”, explica a responsável pela pesquisa, Vanessa Campagnac. “A maioria dos jovens voltou para casa. Acaba o dinheiro e eles não têm onde ficar”.
Também foram motivos apontados para os desaparecimentos, respectivamente, “distúrbio mental”, “causas violentas” (envolvimento como crime ou violência doméstica), “motivações de lazer” (quando a vítima se ausenta em função de atividade recreativa) e “abandono do lar”, (referente ao desaparecimento de pessoa com mais de 18 anos em razão de problemas pessoais).
A pesquisa também chama atenção para o fato de apenas 2% dos reaparecimentos terem sido registrado nas delegacias. “Temos sub-notificações e a necessidade de as pessoas darem baixas no registro [de ocorrência]. É uma falta de cidadania não dar baixa ou não fazer as ocorrências, porque a gente trabalha com esses registros”, acrescentou Beltrame.
Fonte: Agência Brasil