Sem categoria

RJ: 15% dos casos de desaparecimentos não são solucionados

Dois anos depois de registrados os desaparecimentos de cerca de 4 mil pessoas, 14,7 % dos casos ainda não foram solucionados, no Rio. A informação consta de pesquisa divulgada quinta-feira (10) pela Secretaria de Segurança Pública do estado, que tentou desmistificar as suspeitas de que assassinatos poderiam ser classificados como desaparecimentos nas estatísticas oficiais.

“O estado tem que saber quem são essas pessoas [as 14,7% desaparecidas], a motivação [dos desaparecimentos], sabemos que é preciso um trabalho de investigação”, afirmou o secretário, José Mariano Beltrame. Apesar disso, afirmou que “os dados estão agora apresentados de uma maneira mais clara”.

A Pesquisa de Desaparecidos é inédita e foi realizada em 2007 pelo Instituto de Segurança Pública (ISP). Refere-se a uma amostra de 456 casos notificados, em todo o estado. Neste ano, cerca de 10 pesquisadores cruzaram dados dos boletins de ocorrência com os do sistema de saúde e da segurança pública, além de entrevistar parentes das vítimas.

Além dos casos de desparecimento por mais de dois anos, a pesquisa também constatou que 71,3% das vítimas da amostra voltou para casa e 6,8% dos desaparecidos estavam mortos. Sobre 4,4% dos casos o ISP não conseguiu informações e em 2,9% dos casos, as famílias contestaram a notificação, negando que o desaparecimento, embora registrado, tivesse ocorrido.

Em relação ao perfil das vítimas, o levantamento aponta que a maioria era de homens (61,6%) com idades entre 10 e 19 anos (33,2%). O principal motivo para saírem de casa eram questões familiares, como detectou a categoria “fuga”, explica a responsável pela pesquisa, Vanessa Campagnac. “A maioria dos jovens voltou para casa. Acaba o dinheiro e eles não têm onde ficar”.

Também foram motivos apontados para os desaparecimentos, respectivamente, “distúrbio mental”, “causas violentas” (envolvimento como crime ou violência doméstica), “motivações de lazer” (quando a vítima se ausenta em função de atividade recreativa) e “abandono do lar”, (referente ao desaparecimento de pessoa com mais de 18 anos em razão de problemas pessoais).

A pesquisa também chama atenção para o fato de apenas 2% dos reaparecimentos terem sido registrado nas delegacias. “Temos sub-notificações e a necessidade de as pessoas darem baixas no registro [de ocorrência]. É uma falta de cidadania não dar baixa ou não fazer as ocorrências, porque a gente trabalha com esses registros”, acrescentou Beltrame.

Fonte: Agência Brasil