O Grito dos Excluídos e o aumento da miséria no Brasil

 

No dia Sete de Setembro, data fundamental do calendário cívico e militar do Brasil, também se realiza outro tipo de comemoração com grande significado: O Grito dos Excluídos. O Grito chega à sua 25° edição com o lema “Este Sistema Não Vale – lutamos por justiça, direitos e liberdade”. A sociedade precisa, nesse dia de celebração da soberania da pátria, estar atenta aos milhões de brasileiros que vivem em situações de miséria. Afinal, não haverá um país verdadeiramente livre e soberano enquanto persistirem as profundas desigualdades sociais com as quais convivemos.

O Brasil atravessa uma crise política e institucional que não o faz ter muito a comemorar nesse feriado nacional. A soberania está aviltada com as inúmeras declarações e subordinações presidenciais aos interesses norte-americanos. A economia poderá ter um PIB negativo em 2019 e o desemprego alcançou 13 milhões de brasileiros, sendo que outros 50 milhões trabalham na informalidade ou em postos precarizados. Os Poderes da República estão em rota de colisão, algo que poderá ser agravado com os vetos do presidente ao projeto aprovado no Congresso Nacional sobre o abuso de autoridade que, além de desagradar parte do STF, poderá comprometer a indicação pelo Senado de Eduardo Bolsonaro à embaixada brasileira nos EUA.

Esse ambiente de crise política, aliado ao modus operandi de Bolsonaro, que faz dessas crises seu roteiro para governar, faz com que o Brasil se encontre à deriva. Os últimos posicionamentos em relação à Amazônia e ao meio ambiente, por exemplo, queimaram um capital político perante o mundo conquistado ao longo de décadas, além de considerarem o país, pelos posicionamentos ultraconservadores em vários temas, uma espécie de pária internacional. Tudo isso agrava a crise brasileira e joga no fundo do poço a população mais vulnerável, fazendo com que a miséria volte a crescer.

Após uma década de queda na desigualdade social, nos últimos dois anos quase 2 milhões de brasileiros foram empurrados para a miséria extrema. As pessoas com menos de R$ 7 diários saltaram de 13,5 milhões em 2016 para 15,2 milhões em 2017. As famílias que sobrevivem com até R$ 406 por mês cresceram nesse período de 53,7 milhões para 55, 5milhões. Em 2016, 52,8 milhões de brasileiros já viviam abaixo da linha da pobreza, o que representa 25,7% da população brasileira. Esses dados divulgados pelo IBGE demonstram que o Brasil está caminhando rapidamente para uma situação em que a fome, o analfabetismo, a mortalidade infantil, a propagação de doenças e a total exclusão voltem a fazer parte do cotidiano da população mais pobre.

Outras áreas estratégicas para que o Brasil se desenvolva cientifica e tecnologicamente como a educação e o ensino superior também estão sendo desmontadas. O Brasil só conseguirá superar suas discrepâncias econômicas e sociais investindo em conhecimento de ponta. Sem crescimento econômico e políticas sociais que combatam a falta de oportunidades, o Brasil continuará sendo um país com milhões de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza. As políticas econômicas atuais geram retração, com desemprego e a consequente queda do consumo. As políticas sociais foram cortadas com a PEC do congelamento de gastos sociais, em nome da sanha dos rentistas para obtenção de mais lucros. Essa combinação perversa aumentará a cada dia os índices sobre a miséria no Brasil.

Portanto, eventos como o Grito dos Excluídos organizados pelas várias comunidades católicas e apoiados pelos movimentos sociais aumentam sua importância em momentos como esse, em que se faz necessário resistir ao desmonte nacional e garantir os direitos fundamentais do povo brasileiro, tão atacados por um governo antinacional e antipopular. Viva o Grito!

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