Um tiro no pé

Após semanas de informações desencontradas, rumores e um cenário de evidente disputa política, o depoimento da presidente da Petrobras, Graça Foster, ao Senado Federal foi contundente. A sociedade brasileira tem sido bombardeada com números que variam a cada instante, termos como “put option”, “cláusula marlin” e outros que mais confundem que esclarecem.

O que todos querem saber, no entanto, é se a transação foi efetuada dentro dos rigorosos procedimentos impostos ao uso de recursos públicos. Isso é absolutamente legítimo.

Não preciso aqui repetir os números referentes ao desempenho da Petrobras. São todos amplamente divulgados e reconhecidos, inclusive, externamente. Não há dúvida em relação à sua capacidade de produção e da necessidade de lhe garantir parcela majoritária na exploração e produção no pré-sal. Como também não há dúvida do seu papel de indutora do investimento nacional, como no caso do setor naval.

A Petrobras é uma gigante do setor e motivo de orgulho, seja pela quebra de recordes de exploração em águas profundas, pela qualidade e produtividade ou pela dedicação do conjunto dos funcionários que fazem a empresa se superar a cada ano. Erra a oposição que a tem como alvo. Erra porque concorre para derrubar o valor das ações da empresa e fazer dela menos do que é. Mira na empresa na tentativa de atingir alvo político, mas corre o risco de um certeiro tiro no pé. Esses erros podem ter consequências graves, inclusive ao enraizar na sociedade a ideia de que ao Estado não compete este controle e que o melhor caminho é entregar a Petrobras à iniciativa privada.

A oposição gasta sua energia em campanhas pela sua desmoralização e desrespeita a sociedade que, com muita luta, conquistou essa política estratégica nas mãos do Estado brasileiro. Dar conhecimento dos atos da empresa e investigar e punir possíveis desvios de conduta ou falha nas informações que importem em prejuízos são obrigações da República e suas estruturas de controle e investigação.

Sabemos todos que interesses serão atendidos pela persistência em manchar a imagem da Petrobras. Lamentavelmente, para alguns poderosos setores, as disputas eleitorais estão acima dos interesses do país, que aguarda os investimentos adicionais em saúde e educação que virão do pré-sal.

Já que há necessidade de investigar os chamados “mau feitos” que façamos de um conjunto de denúncias que vieram à tona, particularmente envolvendo as obras superfaturadas do metro paulista, sob o comando do PSDB, assunto muito pouco tratado na mídia e na política. Afinal, o uso de recursos públicostem que se dar de forma transparente em toda e qualquer gestão.

A honestidade no depoimento de Graça Foster, nos dados apresentados, não interromperá a disputa em curso, nem o prolongamento do caso. Mas, certamente, vem na direção da transparência que todos defendemos na gestão pública. Investigar, sim. Desmerecer um patrimônio público, jamais.

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