Viciado em Ritalina
Ritalina é uma cabrocha de pôr louco qualquer cristão. E qualquer ateu, muçulmano, hari cristina e tudo mais. E quando digo que é de pôr louco qualquer um, não estou falando de forma figurada
Publicado 24/07/2014 20:15
Juvenal era um sujeito calmo, sossegado, um verdadeiro homem camomila. Sua vida era de casa para o trabalho, do trabalho para casa. Fiel à sua mulher, só saia para um chopinho com os amigos na sexta-feira depois do expediente e pronto. Porque, afinal, ninguém é de ferro, como ele mesmo costumava afirmar. Até aí tudo bem. O problema é que numa noite destas, quando estavam todos reunidos, apareceu o Roberval com a dita cuja. Nenhum dos presentes conseguiu segurar o queixo quando saiu de trás do Rober aquela preciosidade, era a Ritalina.
Seu sorriso logo encantou, estavam todos hipnotizados com as maravilhas daquela mulher. Pernas perfeitas, cochas grossas, ornadas logo acima por um curtíssimo shortinho que deixava à mostra pequenas partes de sua, ainda mais magnífica bunda. E não era uma bunda qualquer, não. Aliás, devia ter até CPF, pois era uma senhora bunda. Redonda, durinha e empinada, provocando os mais impróprios pensamentos naqueles pobres homens em defesos. Mais acima uma barriguinha a mostra que atiçava emoções. Sobre a barriguinha reta, a mini-blusa escondia e não escondia os seios mais lindos da face da terra e, fechando esta obra de arte, um rosto negro maravilhoso e simpático que provocou uma transformação repentina em nossos amigos. Foi uma catástrofe, uma calamidade. Desapareceram os homens e surgiram verdadeiras feras a disputar aquela mulher maravilhosa.
Mas logo o Juvenal? Isto mesmo, o Juvenal. Logo o mais certinho, logo o mais família.
A partir daí o Juvenal mudou completamente. Do trabalho já caia na farra. Pegava a Ritalina e saía para a noite que se tornava pequena para os dois. Esta mulher não é para você, homem! Dizia uns. Ela não presta, Jú, vai te levar para o cemitério, rapaz! Você conhece a turma que ela anda. Rapaz, ali ninguém presta!
De fato a Ritalina já há muito tempo era envolvida com umas mulheres que, volta e meia protagonizavam distúrbios. Eram conhecidas como as anfetaminas, de tão barra pesada que eram.
E a Ritalina agia sobre o Juvenal com o mesmo mecanismo de um estimulante. A reação à presença da mulata era parecido com a reação à cocaína. Nosso amigo, do lado dela tinha aquela sensação de “tou podendo”, “sou o melhor”, “comigo ninguém pode”. Tinha um apetite sexual de dar inveja a coelho. Por outro lado, o homem não parava mais em emprego, pulava de uma festa para outra, mudou o visual, não comia, só bebia, não era violento, pelo contrário, acho que por causa de ter sempre a mulata na memória, era amoroso, mas muito agitado, frenético, não ficava tranquilo, sempre tamborilando e planejando saídas para festas que se estendiam por dias. Os amigos até criaram uma explicação para aquela mudança no amigo: “Estes são os problemas que o consumo exagerado da Ritalina pode causar”.
O Roberval, que é meio metido à enfermeiro e entende do linguajar médico disse outro dia filosofando: “O consumo excedente de Ritalina age aumentando a concentração de dopamina nas sinapses.
– Entenderam? Perguntou ele aos amigos.
Bom, nem eles nem eu entendemos. Mas o certo é que nosso amigo já parecia um zumbi. E a situação piorou quando, recentemente, a Ritalina, depois de uma ação mal sucedida, foi retirada do mercado. Agora, além de magro, acabado, visivelmente derrotado, nosso amigo anda cabisbaixo, deprimido e perdeu todo aquele apetite sexual que, com a Ritalina por perto, só faltava copular com a vizinha, dona Idalina de 92 anos que se locomove com a ajuda de um andador.
A última vez que vimos o Juva ele estava morando, a pesar dos apelos dos amigos, em um barraquinho perto da prisão onde estava a Ritalina. E o máximo que se podia dizer a respeito disto é que o vício destrói a todos.