A síndrome do vice

Os últimos 50 anos foram marcados por fatos no mínimo curiosos, onde tragédias catastróficas do ponto de vista político elevaram os “vices” a protagonizarem processos que em alguns momentos mudaram de forma radical o percurso de nossa história política.

Começando por João Gullar, o Jango, vice de Jânio Quadros, que assumiu a presidência após a renúncia de Jânio e em seguida sofreu o golpe de estado que nos levou a uma ditadura de mais de 20 anos. Após duas décadas, e mesmo com o fim do tenebroso período, fomos mais uma vez vitimas da síndrome do vice.

Em 1984, a intensa campanha por eleições diretas não foi suficiente para alterar resquícios da ditadura, Tancredo Neves foi eleito por via indireta tendo como seu vice Jose Sarney, político que havia comandado por muito tempo a Arena, base política do regime autoritário. Sarney, vice, assume e governa o país após a morte de Tancredo.

Com o fim do governo Sarney e a trágica passagem Collor de Mello em seu processo de impeachment, na presidência do Brasil outro vice escreveria seu nome na história, Itamar Franco, que assumiria a Presidência da República e cometeria seu sucessor, o então Ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso.

A tragédia que levou Eduardo Campos fez emergir sua vice, mexendo com um quadro das eleições que até então se encontrava praticamente definido, nos faz pensar o que há por traz dessa cadeira de vice, que nos últimos 50 anos, por meio sempre de tragédias como golpes, mortes, impeachment e quedas de avião alteram, de forma por vezes dramática, os processos em curso da política brasileira.

Num ano de disputa política tão intensa, a jovem democracia brasileira nas últimas décadas tem nos dado uma lição de que tão importante como analisar os candidatos e suas propostas é analisar também quem está por traz de suas chapas, ou seja, quem são e o que pensam seus vices.

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