Dois aspectos da nossa orientação atual 

O descortino e as certeiras indicações do PCdoB em face da complexa situação atual expressam uma espécie de DNA do seu pensamento teórico e político, que vem desde a Sétima Conferência Nacional, ocorrida em 1966, sob a ditadura militar, e tem se desenvolvido desde então.

Ali o Partido formulou a proposta de frente única – União dos patriotas para livrar o país da ditadura, da crise e da ameaça neocolonialista – calcada numa plataforma ampla; reafirmando, ao mesmo tempo, seu compromisso programático.

Uma combinação acertada entre o estratégico e o tático, entre o rumo e o caminho imediato.

Em termos de programa partidário, sabemos hoje, tínhamos muita estrada ainda a percorrer.

Uma estrada palmilhada pela superação de traços marcantes de dogmatismo e de mecanicismo e de uma abrangente e atualizada compreensão da realidade do mundo e do Brasil, em permanente mutação.

Hoje, combinando a plataforma tática imediata com a defesa do programa socialista, sobretudo explorando pontos essenciais que guardam relação direta com necessidades objetivas urgentes da sociedade brasileira – como as reformas estruturais democráticas – o Partido se mostra maduro, firme, hábil e consequente.

No plano imediato, trata-se de arregimentar forças para deter a investida golpista da direita.

Isto implica diligência na interação com correntes e personalidades mais afinadas com o pensamento de esquerda e o máximo de amplitude e flexibilidade para se entrosar com outras forças e somar energias na mesma direção. Aí se incluem partidos formalmente integrantes da coalizão governista – o PMDB do vice-presidente Temer, sobretudo -, grupos mais sensíveis e dinâmicos, assim como agentes econômicos interessados na retomada do crescimento, lideranças populares e personalidades diversas.

Na prática, cabe buscar aproximações e convergências em torno de itens concretos da plataforma que o próprio Partido vem brandindo, seja a defesa da ordem democrática (em especial), seja a preservação dos direitos fundamentais dos trabalhadores, a defesa da Petrobras, da economia e da engenharia nacional.

Essa concretude há que se perseguir tanto na chamada grande política – no parlamento e nos círculos nacionais -, como na mobilização da base da sociedade, no estado e nos municípios, aqui articuladas com lutas específicas e localizadas.

Concomitantemente, numa abordagem mais profunda da natureza da crise e de suas faces política, institucional e econômica, cumpre reafirmar a imperiosa necessidade de reformas estruturais para destravar o desenvolvimento do país e aprofundar o seu processo civilizatório.

E há um conteúdo a ser explicitado em meio a essas demarches: sob a vigência do Estado de Direito, os termos essenciais do novo ciclo de crescimento da economia após o ajuste fiscal em curso.

Assim, delimitar campos com a oposição direitista, barulhenta e inconsequente e recuperar apoio político e social para a continuidade do ciclo de mudanças que se operam há doze anos.

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