Frente Brasil Popular, de luta e conquista

Ultimaram-se nesta segunda feira os preparativos para o lançamento da Frente Brasil Popular. Volto ao tema porque ele segue central na conjuntura imediata brasileira.

Frente Popular no Brasil é promessa de luta e esperança de conquistas. Ela é necessária não apenas do ponto de vista imediato, para constituir um núcleo básico à promover ampla união de forças democráticas, patrióticas e progressistas, frente à escalada golpista das forças reacionárias em nosso país, mas também, para prosseguir adiante da jornada de construção de um projeto nacional de desenvolvimento, a partir das conquistas alcançadas neste ciclo de governos e se fortalecer para fazer frente à atual encruzilhada em que se encontra.

Encruzilhada, porque no plano interno, serão precisos outros caminhos políticos, econômicos e sociais para avançar nos mesmos propósitos. No plano externo, porque se está em meio à segunda grande crise da história do capitalismo, a crise da grande estagnação, cujas saídas ainda são hegemonizadas pelas mesmas forças rentistas que a detonaram. O Brasil não teve todas as forças necessárias para sair ileso da terceira onda da crise, que acomete os países em desenvolvimento. Acredita-se que se conhecerá, pela segunda vez em sua história desde 1930 ,dois anos seguidos de recessão.

Nenhum processo transformador no Brasil vingou sem duas pré-condições absolutamente necessárias, mesmo quando não suficientes: união de amplas forças e articulação de um possante movimento popular em sustentação das mudanças. Sempre se exigiu também a força dos ideais transformadores, traduzidos em rumos políticos justos a cada momento.

A lição continua atual. A frente popular será continuação, em patamar mais maduro, do Fórum Nacional de Lutas e da Coordenação dos Movimentos Sociais, de memória recente. Cumprirá seu papel se compreende que toda luta social é uma luta diretamente política e, como tal, é legítimo aspirar um projeto nacional popular, contando com as forças do Estado Nacional soberano a serviço do desenvolvimento econômico e social, que integre o povo brasileiro à novas conquistas civilizatórias tão arduamente ansiadas.

Nasce, pois, um novo sujeito político protagonista, que une as tradições de luta e o espírito democrático com que constrói sua plataforma, próprio do ambiente de respeito que existe entre os que comungam um mesmo ideário de valores, mesmo havendo distintas posições políticas diante da conjuntura.

Um sujeito que liga a combatividade do MST e da UNE, a força da CUT e da CTB, entre dezenas de entidades nacionais do movimento popular, e as une a forças e personalidades políticas da esquerda, partidárias ou não, da sociedade civil, do mundo intelectual e cultural. Quero crer, que o embrião dessa unidade autônoma nasceu nos embates do segundo turno eleitoral de 2014, num confronto agudo de campos políticos em que não havia nem podia haver omissão.

Enfim, trata-se de um bloco político e social de afinidade com as bandeiras da esquerda, progressistas, patrióticas e democráticas. A Frente Brasil Popular debaterá em Assembleia Popular em Belo Horizonte, no próximo sábado (05), com milhares de representantes dessas forças, e lançará seu Manifesto à Nação, ao lado do propósito de estruturar a frente popular em todo o país.

Num programa de poucos pontos, mas concretos e vívidos, a unir estas forças está a defesa da democracia contra a escalada golpista dos grupos reacionárias, em que se criminaliza a política e se partidariza a Justiça; a soberania nacional e a integração regional sul-americana; e, sobretudo, os direitos sociais dos trabalhadores e do povo, combatendo para que o governo e o Estado brasileiro façam um contraponto à tendência dominante no mundo de pagar a crise com a austeridade sobre o povo e os interesses da nação.

A enriquecer essa pauta, a Assembleia do dia 05 provocará a discussão de como integrar a ela os anseios sentidos de todo o povo e dos movimentos sociais, sua grandeza de representatividade e de luta. Pretende-se que todos saiam armados e mais unidos para os embates imediatos frente à conjuntura política e econômica, que segue grave, instável e de desfecho indefinido.

Numa perspectiva sintética, poder-se-ia dizer que no centro estratégico dessa plataforma está a luta pelas reformas democráticas estruturantes, para avançar no projeto nacional de desenvolvimento a serviço do povo, da soberania nacional e da democracia. Nesse movimento deve se aprender a lição dos últimos anos, e pautar de fato, uma agenda governamental que enfrente a natureza profundamente conservadora do Estado brasileiro. E deve-se alcançar unidade tática a cada momento, em fazer a resistência para preservar as conquistas alcançadas pelo campo político popular e os governos eleitos por ele, a ser utilizadas como alavanca para prosseguir no projeto, em nova e mais desfavorável, correlação de forças.

Deve-se considerar que a maior e mais imediata dessas conquistas a preservar atende pelo nome de democracia e pelo mandato legítimo e constitucional da presidenta Dilma Rousseff. Mas sempre contando com as forças autônomas do movimento político e social para fazer a disputa de seu projeto na sociedade, com o que pode se ajudar o governo ou impeli-lo a avançar.

É isso o que vai nascer neste 5 de setembro nas Minas Gerais, solo onde germinou a luta de Tiradentes. Será a forma mais elevada de saudar o dia da Independência.

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