A continuação da política por outras guerras

Já dizia o grande estrategista militar alemão Carl von Clausewitz que "a guerra é a continuação da política por outros meios". Mas, se antes a desculpa do uso da força pelo imperialismo era uma suposta ameaça comunista, configurada na chamada “Guerra Fria”, com o esfacelamento da União Soviética o pretexto encontrado para justificar a continuidade da política belicista passa a ser a “Guerra ao Terror”. Permanece, assim, a política imperialista por meio de outras guerras.

Em seu livro “Problemas Econômicos do Socialismo na URSS”, Stálin alertou, em 1952, sobre a “Inevitabilidade das guerras entre os países capitalistas”. Segundo Stálin, mesmo o capitalismo tendo imposto duas guerras mundiais à humanidade, não impediria que esses países capitalistas fossem arrastados a outras guerras entre si. Coube à história provar que ele estava certo.

Quase quarenta anos depois, em 1991, Caetano Veloso cantava pela primeira vez que alguma coisa estava fora da nova ordem mundial. Era uma “nova ordem mundial” que despontava dos escombros da Guerra Fria. Foi uma expressão cunhada pelo então presidente dos Estados Unidos, George Bush, para referendar a tese do “Fim da História”. De acordo com o cientista político Francis Fukuyama, se para o marxismo a história da humanidade era marcada pela luta de classes, com o fim do socialismo a história também teria terminado. E por mais inconsistente que esse pensamento possa parecer, foi defendido por quase toda a classe dominante da época.

Mas com o fim da URSS, o imperialismo norte americano necessitava de novos inimigos, desta vez não mais como uma ameaça global, mas como perigos localizados, pontuais. Surgem então os conceitos de “Estados párias” e “Estados falidos”. Ambos simbolizando riscos à nova ordem internacional.

Dessa forma, tanto a “história” não estava finalizada bem como muita coisa estava fora da nova ordem mundial. Desde então, assistimos a guerra contra a antiga Iuguslávia e o Iraque (1991), o genocídio em Ruanda (1994), as invasões ao Afeganistão (2001) e ao Iraque (2003) e tantas outras ações pontuais e cirúrgicas. A partir de 1990, o novo inimigo seria transterritorial devido ao fato de o terrorismo não respeitar fronteiras e, com isso, dar um salvo-conduto ao imperialismo para agir como “polícia do mundo”.

Nem mesmo com o desenvolvimento das novas condições internacionais as agressões entre os países capitalistas deixaram de ser inevitáveis. Como alertara Stálin, é errado considerar “que as contradições entre os campos do socialismo e do capitalismo são mais fortes do que as contradições entre os países capitalistas; que os Estados Unidos já dominam suficientemente os outros países capitalistas, para impedi-los de guerrear-se entre si e de enfraquecer-se mutuamente; que os homens avançados do capitalismo já estão bem instruídos pela experiência de duas guerras mundiais — guerras que causaram sérios prejuízos a todo o mundo capitalista — para outra vez permitirem que os países capitalistas sejam arrastados a uma guerra entre si e que, em vista de tudo isto, as guerras entre os países capitalistas deixaram de ser inevitáveis”.

Pelo contrário, a história mostra que a política guerreira imperialista continua a mesma, mas com novos inimigos e em novas guerras. “Para eliminar a inevitabilidade das guerras, é preciso destruir o imperialismo”.

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