Fim da festa

A festa mais popular e esperada do Brasil acabou. Após comemorações intensas e manifestações culturais por todo país, entre desfiles, blocos de rua e trios elétricos, o evento que tem a cara do Brasil não fez a alegria só dos turistas e foliões.

Há tempos que o Carnaval se transformou em negócio lucrativo, com uma cadeia produtiva própria, que arrecada milhões e movimenta diversos setores da economia nacional como o mercado do turismo, da comunicação, de bebidas e alimentos, gerando milhares de empregos diretos e indiretos.

Atrás das cortinas deste grande espetáculo, há uma multidão de pessoas que trabalharam intensamente para que os dias de festa acontecessem: garçons, seguranças, trabalhadores braçais, costureiras, ambulantes, catadores de latinhas, cozinheiros. Uma parcela invisível da população que a TV não mostra e que não por acaso, são em sua maioria, negros.

É só observar com mais atenção dentro dos cordões, dos camarotes, das áreas vips, ou ainda, entre os profissionais que estão no comando das empresas ou das escolas de samba para notar que conforme o poder e o dinheiro aumentam, a presença negra diminui. Uma triste realidade que mostra que dependendo do lugar ou da posição, nem todos são bem-vindos ou tratados como iguais.
Por legitimidade histórica e cultural os negros são a essência do Carnaval. A influência está no samba, nos ritmos e também é representada por músicos e dançarinos que fazem parte desta grande manifestação popular.

Agora é fundamental que este protagonismo também apareça no desenvolvimento econômico e na inclusão social. Do contrário, aquela que é considerada a festa “mais democrática do país”, acabará na manhã da quarta-feira de cinzas.

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