Capitalismo em baixa

De vez em quando nos chegam boas notícias dos Estados Unidos. Umas, bem recentes, revelam a mudança de hábitos e principalmente de pensamento da juventude da nação ianque. Em resumo, pesquisas confiáveis demonstram que o capitalismo anda em baixa por lá.

Uma primeira pesquisa, encomendada pela indústria automobilística ainda em 2014, perguntava aos jovens quais eram os dez itens de sua preferência ao gastarem seu dinheiro. Pra maioria do grande número de entrevistados, o automóvel fica de fora da lista.
 
A explicação pra essa atitude é, acima de tudo, a qualidade de vida nas cidades. O automóvel particular não é mais visto como símbolo de status social. Muito pelo contrário, é tido como um entrave à mobilidade urbana.

É certo que, na mesma linha, a juventude pede mais eficiência no transporte público e maiores facilidades ao pedestre e ao ciclista nas vias comunitárias. E mais áreas verdes e espaços de convivência, hoje tomados pela especulação imobiliária, estacionamentos, viadutos, postos de combustíveis e assim por diante.

Outra pesquisa, que acaba de sair do forno, foi realizada pela respeitada universidade de Harvard. Esta vai direto ao assunto, questionando os entrevistados, todos com idade entre 18 e 29 anos, sobre o sistema econômico e social ora vigente.

A maioria (51%) se diz completamente desencantada com o sistema em que vivem os americanos e 42% se dizem satisfeitos, embora com críticas de toda ordem. Não existe mais a imagem de que o capitalismo seria a grande arma contra a antiga União Soviética, que vigorou durante a Guerra Fria.

É bem verdade que a maioria tampouco sabe que alternativa haveria, mas, de todo jeito, 33% dos entrevistados responderam que o “socialismo” seria uma forma ideal de organização da sociedade. A pesquisa não entrou em detalhes sobre que tipo de sistema seria esse.

A mídia dos EUA massifica a ideia de que o grande inimigo de hoje seria o terrorismo, mas fica claro que essa propaganda não tem conseguido convencer a cidadania. O desemprego, a discriminação e a qualidade de vida em geral falam mais alto.

A comunicação interpessoal foge, também lá, de um controle direto e permanente, de modo que a propaganda oficial não tem mais a força que tinha há alguns anos. Mesmo que a grande mídia não dê cobertura, a insatisfação popular acaba tendo espaços de propagação.

Essas pesquisas demonstram, também, que o eleitor dos EUA, em sua grande maioria, é refratário a propostas direitistas que ecoam no processo eleitoral ora em curso por lá.

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