Vidas que importam

As recentes mortes envolvendo negros e policiais brancos norte-americanos trouxeram à tona, mais uma vez, a discussão sobre o racismo nos Estados Unidos. As manifestações que reuniram milhares de afro-americanos em diversas cidades e o tiroteio ocorrido que matou cinco policiais evidenciam o perigo do ódio racial para qualquer nação.

Impossível falar desta tragédia sem traçar um paralelo com a brutalidade que acontece todos os dias em nosso país, onde a chance de um jovem negro ser morto por homicídio é 147% maior do que um jovem de qualquer outro grupo étnico e a cada 23 minutos, um deles é assassinado.

Impossível também não lembrar de casos abafados pela nossa mídia, não comparar com o tratamento desigual entre negros e brancos nas abordagens policiais ou com as injustiças cometidas pelo sistema judiciário brasileiro.

Os episódios ocorridos nos EUA chocaram o mundo pelo sangue-frio dos policiais e pela exposição chocante, uma vez que ambos foram divulgados por meio de vídeos que circularam na internet. Mas infelizmente, as cenas não perdem por nada para as atrocidades cometidas no Brasil. A diferença é que apesar dos altos índices de homicídios de jovens negros no país, a maioria dos casos não gera a mesma repercussão na nossa mídia ou mobilização de uma sociedade indignada, consequência cruel de um país onde a violência é banalizada e presumida quando se trata de pessoas negras.

Que ao menos estas tragédias ocorridas no país norte-americano contribuam para a ampliação do debate sobre a violência policial e o massacre de jovens negros em âmbito mundial, mostrando que vidas negras importam em qualquer lugar do mundo.

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