A resposta ao golpe precisa ser (também) política

Nesta segunda feira, dia 26/09, foi a vez de Antônio Palocci, que assim como outros ex-ministros petistas, foi detido de maneira arbitrária, sem provas, sem condenação, simplesmente por ser suspeito de ter recebido propina. E a máxima de “até que se prove o contrário qualquer um é inocente”, onde fica?

Já passaram dos limites do ridículo estas operações do judiciário, rasgaram a Constituição Cidadã de 1988. Somente um lado, o PT é investigado, ninguém se lembra do tal helicóptero de cocaína de um senador aliado a um ex-governador tucano de Minas Gerais. Mesmo assim, uma presidenta sofre impedimento de seu mandato sem provas de crime. Até onde isso vai parar?

Nunca é demais lembrar que regimes autoritários sempre começam perseguindoe prendendo aqueles que oferecem resistência a ele. Foi assim na Alemanha nazista, foi assim no golpe militar de 1964. Os que hoje riem das prisões sem provas de petistas podem ser os futuros prisioneiros de amanhã. Toda a esquerda popular está em risco. É um erro achar que a ditadura de toga é algo benéfico para a sociedade, ela é, sem dúvida, a maior ferramenta de repressão que surgiu nos últimos anos, algo condenado até mesmo internacionalmente.

O mais preocupante, afora a revolta dos que (como eu) gostariam de uma justiça imparcial, é a o marasmo de parte da esquerda. Somente notas em sites da internet que só os militantes leem não basta, plenárias de lamentação também não resolvem, e aí? O que fazer?

Muitos atos da Frente Brasil Popular e da Frente Povo sem Medo tem sido construídos, a campanha Fora Temer tem conseguido apoios importantes mesmo sem a cobertura da grande mídia global, mas será que só com isso é possível pressionar o Judiciário a atuar de maneira menos partidarizada e a derrubar o governo não eleito?

Sinceramente, penso que a resposta aos golpistas deve ser também política. É óbvio que pensar em eleições em um momento no qual mais de 54 milhões de votos foram rasgados é difícil, é revoltante. A impressão que dá é que votar ou não votar não faz mais diferença.

Neste momento em que a raiva e a decepção muitas vezes nos cegam, é que precisamos pensar
com calma. Quem ganha quando os que acreditam e lutam por um mundo melhor deixam de votar? Os mesmos donos do poder de sempre, os banqueiros, empresários e os grandes capitalistas.

A decepção presente na sociedade precisa ser capitalizada para algum lugar. Eleger vereadores e prefeitos do campo popular democrático é imprescindível para seguirmos desgastando o governo interino e transformarmos estes mandatos em trincheiras de luta contra a ditadura de toga! Não podemos baixar a cabeça, precisamos ter frieza para entendermos que nos abdicarmos do voto e ligar o “tanto faz” é tudo que esta turma quer. Não é por acaso que as prisões políticas de quadros do PT estão acontecendo em pleno período eleitoral!

Óbvio que eleger candidatos de esquerda não vai resolver todos os problemas que temos, assim como não vai diminuir a decepção com o golpe que sofreu a presidenta Dilma, mas, nesse momento, é preciso salvar a democracia, é importante termos a compreensão que, infelizmente, parcela importante da classe média (em especial) contribuiu para chegarmos onde chegamos, é preciso ganhar novamente as mentes e corações destas pessoas de que é possível lutar por outra sociedade. O estrago feito pela mídia desgastando a esquerda com mentiras e difamações é enorme, não é fácil de ser vencido.

Termino chamando cada um ou cada uma que está lendo para uma reflexão: Por que não buscamos eleger parlamentares progressistas para o legislativo e os executivos municipais e fazer destes verdadeiros locais de resistência e denúncia? Sei que é hora de raiva e decepção, mas acredito que a melhor resposta para os usurpadores da democracia é mostrar que eles não têm apoio popular, que no voto eles não vencem, por isso usam destas artimanhas para derrubar os que foram eleitos de verdade.

Pense nisso!