O tempo e o clima na política. Uma resposta ao combativo Jean Willys

Nos noticiários sobre meteorologia, é muito comum ouvirmos que o clima para o dia tal será de muito calor ou de muita chuva, por exemplo. Mas na verdade, há um grande erro conceitual nesta afirmação.

De acordo com a Organização Meteorológica Mundial – OMM, na ciência meteorológica existe uma marcante diferença entre os conceitos de tempo e clima. “Por exemplo: se falamos que o dia ontem estava chuvoso, estamos nos referindo ao tempo. Mas, se dissermos que na Amazônia o tempo é quente e úmido o ano inteiro, estamos nos referindo ao clima dessa região”.

Dessa forma, enquanto a meteorologia se detém a estudar os chamados estados do tempo, a climatologia, por sua vez, adota uma escala temporal e espacial mais larga. Em outras palavras, o clima refere-se àquelas condições atmosféricas características de uma determinada região (a Amazônia, por exemplo), durante um período de monitoramento de pelo menos trinta anos.
Também na política há de se fazer uma distinção clara entre o tempo e o clima político que estamos vivendo. Se o tempo é de golpe, o clima não necessariamente será golpista.

Portanto, as aleivosas e desnecessárias críticas feitas por Jean Willys – publicadas em sua página na internet sob o título “Por que Freixo e não Jandira?” – contra a candidata Jandira Feghalli, fez mais que fechar o tempo político entre a esquerda no Rio de Janeiro. Ajudou a projetar um clima político marcado por instabilidade e tormentas em todo o chamado campo progressista.

Renato Rabelo em artigo publicado no Portal Vermelho do dia 26/09, intitulado “Vitória eleitoral, definitiva? – A propósito da eleição municipal da cidade do Rio de Janeiro” chama atenção justamente ao fato de se preservar o clima de unidade anti-golpista no Brasil.

Ou seja, não se pode permitir que um dia mais caloroso na disputa política determine uma mudança climática de conseqüências trágicas à resistência popular e democrática.

Rabelo critica acertadamente a visão imediatista do combativo Willys. O espontaneísmo típico de quem não consegue ver além da densa neblina que insiste em cobrir o atual cenário político brasileiro e impede o descortinar de um novo tempo.

Isso, pois, é o que diferencia tática e estratégia de uma luta política que se apresenta como renhida e prolongada.

Somente com a unidade da esquerda e das forças populares e progressistas é que reconquistaremos o clima de institucionalidade que caracterizava o Estado Democrático de Direito aviltado em nosso país.

Nesse sentido, qualquer ação que nos impeça de enxergar o longo prazo e a avistar além das fronteiras de nossas cidades, é jogar lenha no aquecimento global da política golpista.

As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho
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