O barômetro do facebook

"Quem não tem cão, caça com gato", diz o ditado.

Como a mídia é da elite reacionária – dá as notícias que convêm aos golpistas, produz novelas para quem tem paciência de esperar pelas pílulas de assunto entremeados de espetaculares fotografias e músicas que devem preencher o espaço do dia, está empenhada em criar uma cultura globalizante que transforme as novas gerações em consumidores dos produtos que o mercado escoa e obedientes repetidores dos valores que não perturbem a consciência ètica considerada "fora de moda",- a google abriu ao uso geral um sistema de noticiário que permite aos "amigos", unidos em grupos, reproduzirem as informações mais interessantes e darem as suas opiniões como se estivessem livres de censuras. Não é bem assim, porque os fiscais da google estão de olho, fazem listas dos intervenientes com a caracterização política e moral para uso dos "seus amigos elitistas", fazem surgir matérias ou desaparecerem outras, conforme também seja do gosto de quem manda no sistema global.

Mas, enfim, há um à vontade agradável de quem escreve o que quer, xinga os golpistas e manda abraços e carinhos aos seus heróis que estão suportando o mau momento em que os países, de modo geral e em particular o Brasil, se confrontam hoje. Depois de semanas de desabafo com a criação de imagens picarescas e um linguajar desbocado para extirpar a sugidade em que chafurdamos com a desgovernação surpreendente de todo o Governo nacional, começaram a surgir imagens belas, de jardins floridos e uma quantidade de cenas comovedoras vividas pelos animais domésticos que revelam um humanitarismo dificil de ser atingido pelos bípedes.

As análises racionais são aprovadas ou desaprovadas com explosões afetivas e a pieguice compensa a brutalidade dos confrontos. Fica pouco de um pensamento elaborado e consequente. Mas cumpre a função do desabafo que desopila o fígado e reduz o sofrimento propício ás depressões. O que se espera desse relacionamento inovador que atravessa o mundo permitindo que qualquer pessoa dê a sua opinião sobre a história de um pais que não conhece ou que recomende um remédio para pessoas a quem nunca viu? Provavelmente também alimenta a alienação midiática trazendo de graça uma criatividade enriquecedora. É provável que reduza a empolgação de quem poderia manifestar a sua posição, com raiva ou emoção, nas ruas com os grupos sociais com que se identifica. Devemos aprofundar o debate, certamente.

Os participantes englobam uma classe média de profissionais intelectuais, estudantes, alguns militantes de várias tendências, da esquerda à direita. Predominam os que defendem Lula e os resultados positivos dos governos PT. Os problemas sociais mais debatidos são os das vítimas de violências, de preconceitos e do jogo de injustiças que proliferaram com o governo golpista. É a visão urbana e intelectual principalmente, marcada pelos dramas mais visíveis que ocorrem no mundo e em particular neste Brasil que vai sendo meticulosamente desmontado. O que ocorre no resto do país, na periferia rural e interior, fica misturado com as belezas da paisagem bucólica convidativa ao descanso mental. Mas isto sempre foi um vício brasileiro de não procurar conhecer a realidade de toda a população, urbana e rural. Vício de herança oligárquica, diga-se de passagem, pois para as elites os mais pobres fazem parte da paisagem ecológica que existe para servir e ser consumida.

Ocupa um bocado de tempo para diáriamente descobrirmos em linhas gerais e na diagonal (para quem tem pouco tempo para ler as notícias inteiras), o que domina a informação extraida da mídia e ampliada com o cruzamento de opiniões de grupos e organizações sociais. Mas, de toda a maneira é uma fonte de informação e um barômetro em relação aos que habitam as cidades com muitas boas idéias e criatividade impressionante. As grandes mensagens de: Fora! Temer, Serra, Moro, Gilmar Mendes e outros, abaixo as dondocas adidas ao golpismo, anulação da PEC 241, hoje são repetidas pelo mundo afora em vários idiomas e vão frutificando na Russia e Japão como se assistiu nesta semana.

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