O protagonismo da publicidade

A agência Heads Propaganda comprovou por meio de um estudo o que já sabíamos sobre a publicidade brasileira: ela é racista e excludente. Após a análise de mais de três mil comerciais veiculados no período de uma semana, foi constatado que brancos são sete vezes mais representados do que negros. O estudo indica que 80% dos protagonistas dos comerciais são brancos, 26% reforçam estereótipos de mulheres e homens e 74% não contribuem com a igualdade de gênero.

A publicidade está muito presente em nosso cotidiano, seja na televisão, redes sociais, revistas, rádios, painéis espalhados pela cidade, aplicativos de celular, ou até mesmo em trens e metrôs. O racismo e os preconceitos repercutidos por ela não refletem a diversidade de raça e gênero do Brasil e tornam-se um obstáculo para o desenvolvimento da sociedade, pois somos bombardeados o tempo todo com imagens ilusórias sobre o país em que vivemos.

É óbvio que nós negros e negras também compramos carro, bebemos cerveja, viajamos e usamos produtos de higiene e beleza. Mas o consumo não é o principal problema de uma publicidade embranquecedora, mas sim o fato de que a mesma não cria pontos de referência para os indivíduos que exclui de seus anúncios. Então, os 53% de negros e pardos do país não se veem em situações de destaque e poder e passam a acreditar que o sucesso é menos possível para eles.

Precisamos de propagandas que inspirem negros e negras a tomarem seu lugar de direito na sociedade, ou seja, qualquer lugar que aspirem ocupar, e não somente aquele que uma estrutura racista os obriga a aceitar. O protagonismo da publicidade deveria refletir o protagonismo de uma sociedade democrática e diversa, onde todos podem consumir um produto ou alcançar o sucesso. Este tema também estará inserido no 3º São Paulo Diverso – Fórum de Desenvolvimento Econômico Inclusivo, www.saopaulodiverso.org.br.

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