Elegância irrelevante

Todos vocês se lembram da orquestra que tocava no convés enquanto o Titanic afundava.

A reunião presidencial com as centrais sindicais para expor e discutir a reforma da Previdência me lembrou esta cena por sua elegância irrelevante.

Com o país conflagrado institucionalmente, depois de um domingo de manifestações da classe média que nem por um momento homenagearam o luto da população brasileira dos dois dias anteriores e não se manifestaram sobre os temas candentes da atualidade (recessão, PEC do teto e a própria reforma previdenciária), esperava-se que a reunião oferecesse, pelo menos, uma informação precisa sobre a reforma.

Este papel não foi cumprido, até mesmo porque não houve nenhum papel distribuído durante a reunião. Palavras, palavras, palavras…

Foram alinhavados, pelo presidente e equipe, os argumentos favoráveis à reforma, nos mesmos termos das peças publicitárias do governo que defendem a reforma restritiva como se fosse a defesa da previdência futura (privada?).

Durante a reunião que não pôde contar com a presença da CUT, mas teve a presença de todas as outras centrais, da Contag e do DIEESE, ficou patente que, no fundamental as posições são irreconciliáveis e que a reforma pretendida – por mais que se a edulcore – exige mais sacrifícios dos trabalhadores, restringe benefícios e agrava a situação de milhões de pensionistas.

Como desdobramento, no dia seguinte, ou seja, na terça-feira, apesar do pandemônio instalado em Brasília, as direções sindicais aproveitaram a viagem para começar suas articulações no Congresso, em particular, na Câmara dos Deputados, já que o Senado não funcionava.

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