A tragédia da juventude negra

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Neste ano de 2016, o cenário político brasileiro foi marcado por acontecimentos dignos dos melhores roteiros de Hollywood: protestos que levaram multidões às ruas do país; o impeachment da Presidenta Dilma Roussef; os desdobramentos da Operação Lava Jato; o acirramento da polarização ideológica nas eleições municipais; a cassação e prisão do deputado Eduardo Cunha; e, mais recentemente, a crise institucional entre o Superior Tribunal Federal (STF) e o Senado.

Todos os fatos foram acompanhados de perto por grande parte dos brasileiros, que demonstraram interesse pelo mundo da política como nunca antes. Mas, a maior tragédia do nosso país ainda é pouco comentada: a constante morte de jovens negros.

A cada 23 minutos, um jovem negro é assassinado no país. São 63 cidadãos negros de 15 a 29 anos mortos todos os dias. De todos os assassinados, 77% são negros. A taxa de homicídio entre jovens negros é quase quatro vezes maior que entre brancos. O número de assassinatos de jovens negros aumentou 32% e reduziu igualmente entre os jovens brancos.

As informações são do relatório final da CPI do Assassinato de Jovens, que utiliza dados do Mapa da Violência 2014. Elas são o genocídio da juventude negra apresentado em números.

Mas a realidade fora dos papéis cheira a sangue e é mais trágica que qualquer trama política que possa estar acontecendo essa semana no Planalto, no Senado ou no Congresso. Dezenas de vidas negras são atacadas diariamente e sobre este fato ninguém comenta nas mesas de bar ou redes sociais. Se jovens brancos da classe média estivessem morrendo a cada 23 minutos, já não teríamos uma guerra civil nesse país que se diz tão sedento por justiça? Nossos filhos, irmãos, primos, amigos e tantos outros estão sendo exterminados, e já passou da hora de falarmos sobre essa tragédia. Que os desejos de prosperidade para 2017 também se estendam às vidas dos nossos jovens!

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