Resultados de pesquisa recente realizada pela Fundação Perseu Abramo com foco em populações periféricas de São Paulo causam estranheza e inquietude. Mas não deviam surpreender, pois apenas revelam conhecido dado da realidade: a discrepância entre o discurso polÃtico dos segmentos mais avançados da sociedade e o nÃvel de percepção da maioria da população.
Essa discrepância é maior ou menor, dependendo em boa parte das circunstâncias polÃticas; e é mediada por vários fatores – entre os quais a natureza e a qualidade dos vÃnculos de partidos e agrupamentos polÃticos com a base da sociedade.
Pesa, sobretudo, a qualidade do diálogo entre militantes e ativistas e o cidadão comum.
Quando do último pleito presidencial, uma expressão esteve presente no discurso de todos os candidatos: "Você chegou até aqui por esforço próprio".
Isto porque as pesquisas de então já revelavam que os quase 40 milhões de brasileiros que haviam ascendido socialmente em doze anos de Lula e Dilma não percebiam sua melhoria de vida como fruto de polÃticas públicas adotadas pelo governo. AtribuÃam o êxito ao próprio esforço.
É que o processo de formação de uma consciência social avançada é algo complexo, nem é instantâneo nem se dá em linha reta.
Espontaneamente o indivÃduo tende a ver quase que somente a realidade local e pessoal. Não faz a relação de suas vivências individuais ou coletivas com a realidade do paÃs e com a necessidade de se mudar a natureza do poder polÃtico como condição indispensável a transformações sociais e polÃticas que permitam solucionar os problemas fundamentais do povo e destravar o desenvolvimento nacional.
Por mais eficiente que seja a propaganda dos feitos e benefÃcios atribuÃdos a determinado governo, jamais dispensará um trabalho cotidiano que proporcione ao cidadão seu aprendizado polÃtico.
É o que é Lenin em sua obra clássica "Que fazer?" chamou de introdução do elemento consciente no movimento espontâneo.
A realidade atual é bem diversa daquela em que o grande lÃder russo atuou, final do século XIX e inÃcio do século XX.
Hoje o trabalho polÃtico militante envolve um conjunto de variáveis, da sofisticação dos meios de comunicação à multiplicidade de estÃmulos com os quais o indivÃduo convive no seu dia a dia.
Mas o desafio é o mesmo. E não foi enfrentado devidamente pelas forças governantes no ciclo transformador recém-interrompido.
O limitado descortino estratégico da força polÃtica hegemônica e a presença saliente, na coalizão governista, de segmentos conservadores pesaram nesse sentido.
Neste instante da vida do paÃs em que está instaurada a crise e a instabilidade em todas as esferas da sociedade, sob correlação de forças favorável ao agrupamento que deu o golpe e promove o retrocesso neoliberal, a luta no terreno das ideias e a atividade militante, pedagogicamente eficiente, têm enorme relevância.
Pesa, sobretudo, a qualidade do diálogo entre militantes e ativistas e o cidadão comum.
Quando do último pleito presidencial, uma expressão esteve presente no discurso de todos os candidatos: "Você chegou até aqui por esforço próprio".
Isto porque as pesquisas de então já revelavam que os quase 40 milhões de brasileiros que haviam ascendido socialmente em doze anos de Lula e Dilma não percebiam sua melhoria de vida como fruto de polÃticas públicas adotadas pelo governo. AtribuÃam o êxito ao próprio esforço.
É que o processo de formação de uma consciência social avançada é algo complexo, nem é instantâneo nem se dá em linha reta.
Espontaneamente o indivÃduo tende a ver quase que somente a realidade local e pessoal. Não faz a relação de suas vivências individuais ou coletivas com a realidade do paÃs e com a necessidade de se mudar a natureza do poder polÃtico como condição indispensável a transformações sociais e polÃticas que permitam solucionar os problemas fundamentais do povo e destravar o desenvolvimento nacional.
Por mais eficiente que seja a propaganda dos feitos e benefÃcios atribuÃdos a determinado governo, jamais dispensará um trabalho cotidiano que proporcione ao cidadão seu aprendizado polÃtico.
É o que é Lenin em sua obra clássica "Que fazer?" chamou de introdução do elemento consciente no movimento espontâneo.
A realidade atual é bem diversa daquela em que o grande lÃder russo atuou, final do século XIX e inÃcio do século XX.
Hoje o trabalho polÃtico militante envolve um conjunto de variáveis, da sofisticação dos meios de comunicação à multiplicidade de estÃmulos com os quais o indivÃduo convive no seu dia a dia.
Mas o desafio é o mesmo. E não foi enfrentado devidamente pelas forças governantes no ciclo transformador recém-interrompido.
O limitado descortino estratégico da força polÃtica hegemônica e a presença saliente, na coalizão governista, de segmentos conservadores pesaram nesse sentido.
Neste instante da vida do paÃs em que está instaurada a crise e a instabilidade em todas as esferas da sociedade, sob correlação de forças favorável ao agrupamento que deu o golpe e promove o retrocesso neoliberal, a luta no terreno das ideias e a atividade militante, pedagogicamente eficiente, têm enorme relevância.
* Médico, vice-prefeito do Recife, membro do Comitê Central do PCdoB