Um ano de Golpe
Após um ano de golpe é possível afirmar, sem ressalvas, que o “governo” de Temer é um dos mais desastrosos de nossa curta e errática experiência democrática.
Publicado 15/05/2017 12:23
Os indicadores econômicos são trágicos em todos os setores. O desemprego bateu o recorde dos recordes e se aproxima perigosamente dos 15 milhões de desempregados, algo como a metade da população do Canadá.
Pela 1ª vez na nossa história recente houve de fato uma greve geral, na qual milhões de trabalhadores e representantes dos movimentos sociais cruzaram os braços numa greve de caráter eminentemente político, de protesto contra o governo e seus ataques aos direitos sociais.
A popularidade de Temer está na zona crítica de 8%, enquanto o restante da população rejeita tanto a ele quanto as suas propostas, especialmente a reforma previdenciária e trabalhista.
Fruto de um golpe, sem legitimidade, sem apoio popular e executando uma pauta extremamente antipovo, Temer só conta mesmo com o apoio de parlamentares de direita, onde se misturam de fascistas a escravocratas que, no geral, programaticamente, sempre defenderam essa pauta de supressão de direitos sociais e trabalhistas, bem como de entrega do patrimônio público ao capital estrangeiro. São as viúvas da era FHC.
Esses parlamentares são, todavia, paradoxalmente, solução e problema para Temer. Solução quando aprovam essas barbaridades contra o povo, essas medidas criminosas rejeitadas por mais de 80% da população; e problema quando, para aprovar tais medidas, estabelecem o mais vergonhoso balcão fisiológico. Temer é absolutamente refém de suas chantagens.
E como a frustração com o governo é geral, incluindo seus próprios aliados, essas chantagens tendem a se acentuar. E não é para menos. Sabem que o governo Temer, politicamente, acabou sem ter começado, por isso serão cada vez mais vorazes.
Afinal, Temer lhes prometeu que uma vez executado o golpe haveria crescimento econômico, fim ou controle das operações policiais/judiciárias e estabilidade política. Nada disso aconteceu e, em certa medida, se agravou, sugerindo que há forças poderosas, além-fronteira, operando para destruir a economia nacional.
Começa, portanto, a surgir contradições no leque de apoiadores do governo Temer e mesmo entre os que patrocinaram o golpe com o qual ele usurpou um posto que não lhe pertence.
Pois, como afirmou recentemente um procurador do Ministério Público que não está envolvido na operação lava jato, embora seja do Paraná e tenha atuado na operação Banestado, “não se pode fechar o ministério público se, eventualmente, alguém ali praticar corrupção, como da mesma forma não se pode destruir os partidos políticos, que são essenciais à democracia”.
A declaração do procurador se junta a do ministro Gilmar Mendes, do STF, que diz abertamente que a operação lava jato faz “reféns” e uma longa reportagem da FSP mostrando as flagrantes contradições entre os executores da lava jato.
Mas há quem esteja satisfeito com Temer: os especuladores, os agiotas. Afinal, nesse curto período de “governo” Temer, a lucratividade real deles (taxa Selic menos inflação), saltou de 4,5% para 7%.