Contribuição para o incremento das relações Sul-Sul

Com a nova reconfiguração das relações internacionais ganha relevo cada vez maior a importância de novos pólos de poder global. 

É assim que hoje se dá destaque ao processo de regionalização no mundo, com o fortalecimento de blocos regionais como o dos BRICS (Brasil,Rússia, Índia, China e África do Sul) que apesar de todos não dividirem fronteiras territoriais uns com os outros — com exceção das fronteiras que existem entre a Rússia e a China, entre a China e a Índia — são países emergentes, assim chamados, em vários continentes, que mantêm agendas comuns em diversas dimensões e aspectos.

Na contra-mão desse processo, os Estados Unidos sob a direção de Donald Trump desfaz a sua participação no que teria sido um acordo gigantesco entre países no Tratado Trans-Pacífico, tenta reestruturar o Nafta — acordo que liga economicamente os próprios EUA, o Canadá e o México — e propõe uma nova forma de participação e financiamento de gastos com a segurança dos países membros da OTAN, a Organização do Tratado do Atlântico Norte, entre outras iniciativas que são marcadas pela política imperialista e protecionista adotada pela administração do presidente americano.

Já o governo brasileiro, sob a ilegítima presidência de Michel Temer, altera sua política externa radicalmente, deixando de priorizar as relações Sul–Sul e ao mesmo tempo que dá curso ao incremento de relações com os Estados Unidos e a Europa especialmente, em busca de vender o país, suas riquezas naturais e suas empresas nacionais. No jantar que manteve com o presidente americano, esta semana em Nova Iorque, estavam presentes os presidentes do Peru, da Colômbia, a vice-presidente da Argentina e o presidente do Panamá, onde foi tratado o tema de como pressionar o governo venezuelano.

Fugindo dessa linha estratégica, o Partido Comunista do Brasil e o Partido Comunista do Vietnã estabeleceram conversações nesta última semana tendo em vista estreitar os laços de cooperação e amizade entre os dois partidos, dois países e dois povos. Esteve em visita ao Brasil uma delegação de alto nível do PCV, dirigida pelo presidente da Comissão de Relações Exteriores do Partido vietnamita, Senhor Hoang Binh Quan, que junto com o embaixador Do Ba Khoa protagonizaram um encontro com a delegação brasileira sob a direção da Senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB–AM) e da ex-senadora Emília Fernandes, além de Ana Maria Prestes da Comissão de Relações Internacionais do PCdoB e de Pedro Oliveira, secretário Geral da Abraviet, no âmbito do Senado Federal no dia 14 de setembro.

Na ocasião a senadora comunista fez uma exposição sobre a situação política nacional aos dirigentes vietnamitas mostrando as vicissitudes da realidade atual e as perspectivas de criação de uma ampla frente política e social para a superação da crise institucional que estamos vivendo. Enquanto que o dirigente vietnamita que é presidente da Comissão de Relações Internacionais do PCV, procurou historiar como o Vietnã vem enfrentando seus desafios e crescendo a índices elevados nos últimos 30 anos após a decisão de promover um processo de renovação econômica.

Ao final, o dirigente vietnamita lembrou inclusive que participou do 10º Congresso do PCdoB realizado no Rio de Janeiro, em 2001. E que o PCV estará representado em novembro próximo no 14º Congresso do PCdoB, em Brasilia.

Além dos relatos sobre a situação de cada país, as duas partes saudaram o nível crescente das relações comerciais entre o Brasil e Vietnã, e também a constituição de várias seções regionais da Associação de Amizade e Cooperação entre Brasil e Vietnã, a Abraviet. Além da organização Nacional — sob a presidência do ex-senador Inácio Arruda — já foram instaladas a Abraviet no Rio Grande do Sul, e no estado de Minas Gerais, enquanto estão em andamento a organização das seções do Paraná, do Maranhão e do Espírito Santo. Outra forma de cooperação importante em andamento é o estabelecimento de relações entre cidades–irmãs, como a que existe concretizada entre as cidades de São Luis, no Maranhão, e a antiga capital imperial do Vietnã, em Hué. Da mesma forma Curitiba, a capital do estado do Paraná, é uma cidade–irmã de Haiphong, uma cidade portuária de destaque na parte norte do Vietnã.

Desta forma os nossos visitantes vietnamitas foram recebidos com toda a pompa e circunstância pela mesa do Senado Federal que estava sob a presidência do senador Paulo Paim e tiveram a oportunidade também de visitar o plenário da Câmara dos Deputados. Foram recebidos em almoço pela delegação brasileira, e no dia seguinte seguiram para o Rio de Janeiro onde foram acompanhados pelo presidente regional do PCdoB do Rio, João Batista Lemos. De lá embarcaram na viagem de volta ao sudeste asiático.

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