Respingos da chuva

As primeiras chuvas, depois de prolongada estiagem em boa parte do Brasil, trouxeram alegria, encantamento e alívio. É incomparável a sensação agradável da água caindo de novo, especialmente após mais de 120 dias de sequeiro.

À ela se soma o conforto e ver sumirem os focos de incêndio que tomavam o Centro-Oeste e a Amazônia. E de reduzir o impacto da bandeira vermelha que já havia aparecido nas contas de luz de todos, avisando da ligação de usinas termelétricas, cujo custo operacional é mais caro.
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) aponta uma redução no volume de chuvas nos reservatórios das hidrelétricas de todas as regiões brasileiras, menos a Norte, já a partir do início de setembro. Como o sistema de geração de energia é interligado, a tal bandeira vermelha já apareceu na conta de outubro.

Só pra lembrar, esse esquema de bandeiras corresponde ao tipo de energia que está sendo entregue ao consumidor. Ou seja, quando as hidrelétricas não dão conta de atender a todos, por queda na sua produção, são ligadas usinas termelétricas, num processo que é bem mais caro. Essa diferença do preço é repassada ao usuário, que é avisado pelas bandeiras na conta de luz.

As usinas termelétricas produzem energia a partir da queima de óleo combustível, óleo diesel, carvão, gás natural, bagaço de plantas, restos de madeira ou urânio enriquecido. A maior parte delas fica desligada, aguardando situações de alguma emergência. Elas foram construídas justamente com essa finalidade, pra evitar os apagões que foram comuns no país, no passado.
Todas as pessoas já em idade adulta se lembram dos apagões e da enorme crise por que passou o setor elétrico brasileiro de 1998 até o início dos anos 2000, no governo de FHC. O racionamento e a falta de energia geravam insegurança nos lares, no comércio, na indústria e na agropecuária. E grande parte do país nem tinha energia elétrica.

Em 2004, no primeiro governo de Lula, foi implantado o Novo Modelo do Setor Elétrico, com uma série de regulagens. Além de planejar a produção de energia, ali foi criado o programa Luz Para Todos, que levou os fios mágicos para os mais remotos rincões do país. E milhares de quilômetros de linhas de transmissão redistribuem a energia entre as regiões.

O sistema integrado, por sua vez, significa que toda energia produzida no país (exceto o estado de Roraima) é colocada em um mesmo pacote, seja ela de que fonte for. Ou seja, a eletricidade gerada no Pará, por exemplo, é consumida também no Rio Grande do Sul, e vice-versa.
A maior parte da energia elétrica consumida no Brasil ainda é gerada por usinas hidrelétricas, o que corresponde a cerca de 70% de toda a capacidade instalada do País. A segunda maior fonte de geração é a térmica, responsável por 29,5% da capacidade instalada no Brasil, sendo dividida por 11,1% gerados por gás; 8,3% por biomassa; 6,3% por óleo diesel e combustível; 2,2% por carvão mineral e 1,6% por fonte nuclear.

Por muito tempo, o barramento de rios pra implantar essas unidades era considerado como “fonte limpa” de energia. No entanto, hoje está mais que comprovado, o devastador impacto socioambiental delas desaconselha sua implantação.

A fonte eólica ainda é pouco aproveitada e corresponde a apenas 1,7% da capacidade instalada no Brasil, um país de muito vento. Mas, dobrou sua participação na matriz desde 2011, o que demonstra sua entrada em definitivo no sistema. O mesmo vem ocorrendo com a energia solar.

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