Só teremos futuro se pintarmos o presente com as cores do Socialismo

O golpe de Estado que afastou Dilma e introduziu Michel Temer no Palácio do Planalto vem impondo ao povo e à nação brasileira um retrocesso talvez sem paralelo em nossa história. Nem mesmo o regime militar instalado em 1964 foi tão longe em matéria de destruição de direitos sociais e agressão à soberania e aos interesses nacionais.

O congelamento das despesas públicas primárias por 20 anos, salvaguardando-se o sagrado pagamento dos juros da dívida pública, sacrifica o desenvolvimento nacional e requer o desmantelamento das políticas públicas de caráter redistributivo, cortes drásticos nos investimentos em infraestrutura, saúde, educação, habitação e outras áreas.

As mudanças na legislação trabalhista constituem um atentado ao Direito do Trabalho. Apontam para o fim da CLT (Consolidação das Leis de Trabalho) e da própria Justiça do Trabalho, a generalização da terceirização e do infame trabalho intermitente, a prevalência do negociado sobre o legislado, o enfraquecimento dos sindicatos e a individualização dos contratos de trabalho, em detrimento dos assalariados.

Promovido em meio à maior crise econômica registrada pelo capitalismo nacional, com taxas recordes de desemprego, o impeachment da presidenta Dilma foi, na verdade, um golpe do capital contra o trabalho. Não restam dúvidas de que a classe trabalhadora é sua principal vítima, inclusive quando os golpistas agridem os fundamentos da soberania nacional com uma política abertamente entreguista e submissa à aristocracia financeira internacional e aos EUA.

É a classe trabalhadora quem mais perde e tem a perder com as privatizações, a abertura do Pré-sal, o enfraquecimento da Petrobras e a mudança da política externa. São os sindicatos que estão na luta em defesa da Petrobras, da Eletrobras, do Pré-sal e da integração solidária e democrática dos povos latino-americanos e caribenhos.
Embriagadas pelo neoliberalismo, a burguesia brasileira e os latifundiários apoiaram entusiasticamente o golpe entreguista e em geral defendem a política de privatizações, inclusive da Petrobras e dos bancos públicos, a entrega do Pré-sal e o retorno da política externa dos pés descalços (praticada nos governos tucanos liderados por FHC), que presta vassalagem a Washington.

A experiência recomenda que não devemos confiar às classes dominantes a defesa da soberania ou de um projeto nacional de desenvolvimento. Não podemos alimentar ilusões na conciliação de classes neste contexto histórico marcado por uma das mais graves, senão a mais grave, crise da história do capitalismo, que está completando em dezembro 10 anos sem uma perspectiva de solução progressista nos marcos do sistema.

É necessário construir uma frente ampla para resistir ao golpe, de forma a barrar a política entreguista, antidemocrática e anti-trabalhista. Faz-se urgente uma grande unidade das forças democráticas, patrióticas e progressistas para enfrentar a maré reacionária que invadiu nossas praias.

Mas é preciso ter consciência de que o alicerce, bem como a liderança, desta frente cabe à classe trabalhadora. O princípio marxista da centralidade do proletariado na luta política deve ser forjado e concretizado na prática. Isto requer a intensificação dos esforços de construção do Partido na classe trabalhadora, bem como de esclarecimento, conscientização e mobilização das bases.

Neste sentido é preciso ressaltar a vitória que conquistamos com a criação e consolidação da CTB, hoje entre as maiores centrais sindicais do país. A construção do Partido na classe trabalhadora, porém, não é uma tarefa apenas dos comunistas da CTB. Reza a teoria marxista que nosso partido é o Partido do Proletariado.

A classe trabalhadora é a razão de ser do Partido Comunista. É a coveira do capitalismo e o operário na construção de um novo mundo, socialista e, mais tarde, comunista.

Por esta razão a construção do Partido na classe trabalhadora é uma tarefa comum de todo o coletivo partidário e merece absoluta prioridade do nosso Congresso, das direções partidárias em todos os níveis e da militância, hoje ainda mais do que ontem em função da radicalização da luta de classes.

Não existe outro caminho para os comunistas, não existe outra força capaz de conduzir o país ao caminho do desenvolvimento com soberania, democracia e valorização do trabalho e pavimentar o caminho para o socialismo.

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