Frente Ampla: bola na rede para fazer o gol

A constituição de uma Frente Ampla não permite seguidismo. Uma Frente, como o próprio nome insinua, aglutina várias correntes do pensamento que se propõem a estar na vanguarda, assumindo os bônus e os ônus que essa posição oferece.

A necessidade desta Frente surge em razão de se incorporar as várias bandeiras políticas dos setores progressistas, democráticos e populares.

A Frente Ampla é urgente diante de uma pauta política reclamada pelo povo brasileiro que extrapola aquilo que a esquerda oferece ou pode ofertar sozinha.

O caráter frentista é condizente com as dimensões de um país continental como o nosso, complexo e gigante pela própria natureza.

Revela-se um grave equívoco, portanto, imaginar que essa Frente, que pretende ser ampla, deva ser liderada por este ou aquele partido. Por este ou aquele candidato.

Pelo contrário, o movimento frentista, em sua fase inicial, deve celebrar a incorporação de um variado leque de personagens dispostos a discutir saídas para o Brasil.

Nesta fase de debates em torno das alternativas para o país, deve sair um programa mínimo, construído pelos diversos campos da política nacional que, por vezes, dialogará, inclusive, com setores que foram seduzidos pelo Golpe de 2016.

Nesse sentido, é alvissareiro saber que o próprio Lula, candidato presidencial que aparece na liderança em todas as pesquisas, compreende bem o direito de partidos políticos fundamentais de serem incorporados nessa Frente, ofereçam os nomes de seus melhores quadros a serem porta-vozes de suas propostas e projetos.

Lula certamente é o melhor representante da demanda histórica de nosso povo pelas questões sociais em particular. Mas tanto ele, como seu partido (PT), por várias razões que não cabem aqui analisar, patinam na questão nacional.

Por mais que a questão social (emprego, renda, moradia, violência, etc.) esteja no centro das preocupações, ela não vai ser enfrentada de forma duradoura e sustentável sem um

projeto nacional de desenvolvimento soberano e democrático, com o risco de sempre avançarmos e recuarmos novamente ao ponto em que partimos.

A pré-candidatura de Manuela D'Ávila surge nesse sentido de somar. Traz aquilo que o PCdoB tem formulado de melhor, resultado de uma experiência quase centenária estudando e interpretando nossa nação sob a perspectiva histórica e dialética.

Não há e nem pode haver, assim, qualquer manifestação de divisão nesses movimentos de partidos que reclamam por essa Frente Ampla.

Com o passar do tempo, aproximando-nos das eleições de 2018, deveremos ter um time entrosado e preparado para vencer o jogo, tal como uma seleção que incorpora os melhores jogadores das diversas agremiações.

E se o craque desta seleção for impedido de ser escalado pelas forças poderosas que apitam esse jogo, devemos até essa grande final apresentar alternativas que possa substituí-lo à altura, projetando novos talentos que tenham fôlego para enfrentar a prorrogação.

Celebremos, portanto, a convocação de Manuela D'Ávila nessa seleção que incorpora os melhores craques rumo ao mesmo gol do adversário.

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