Unidade Popular para um projeto de nação

No dia 24 de janeiro de 2018 avançou uma vez mais o arbítrio no país. A sentença do TRF4 contra Lula foi marcada pelo escárnio, pelo alinhamento dos votos.

A democracia foi mais uma vez ferida, coisa que se repete na história do país a um só tempo como farsa e tragédia. Desta vez, pela hipertrofia do papel do Judiciário que se instalou com o caos institucional e o vazio político criado pelo golpe do impeachment, apoiado pela maioria do sistema político, midiático e empresarial.

Ninguém ganha com isso, nem sequer os algozes, sobre os quais pesará a dificuldade em legitimar-se perante a sociedade. Mais do que ganhar ou perder eleições, quem perde é o Brasil, o povo e a democracia. A instabilidade tende a permanecer e pode jogar sombras até mesmo sobre a única saída possível em tal caos: as eleições sob a soberania do voto popular.

Não há caminho outro senão insistir na defesa do Estado democrático de direito, seguir unindo forças vastas e ampliando a compreensão da grande massa do povo brasileiro sobre o que está em jogo. Sem ampliação não se pode – nem consegue – radicalizar. Lutar pelo direito de Lula. E unificar as forças da esquerda política social, em afinidade com os setores progressistas e democráticos, em torno de um novo projeto para a nação.

As candidaturas presidenciais, guardada a legitimidade de cada qual, precisam concertar estratégias em comum, antes e durante os dois turnos eleitorais para garantir a presença desse campo político no 2º turno.

Há mais de três décadas o mundo viveu sob o slogan “Não há alternativas”. Hoje, após a tragédia para os trabalhadores e a maioria da população do planeta que representou o neoliberalismo, o mundo clama por transformações face à crise capitalista, regressão dos direitos e esvaziamento da democracia. Há sim alternativas e há, sim, oportunidades para o Brasil trilhar novos caminhos em meio à realidade geopolítica internacional.

Mas as alternativas só podem resultar da clareza, força e determinação para unir o povo brasileiro em torno de um novo projeto nacional, com a retomada do crescimento econômico, desenvolvimento com democracia, solidariedade quanto aos direitos do povo e entre os brasileiros, lugar altivo e autônomo no sistema internacional e sustentabilidade ambiental.

O Brasil clama por essas transformações. O país precisa romper com as amarras da dependência neocolonial e do domínio neoliberal, encontrar caminhos próprios para afirmar sua soberania e autodeterminação. Precisa, para isso, de um Estado nacional democrático capaz de induzir os investimentos público e privados para a reindustrialização e promover o interesse nacional, bem como assegurar a liberdade para maior participação das forças populares na representação política, assegurar os direitos sociais e civis universais para todos e todas, em especial para as camadas sociais mais necessitadas e os que são alvos de discriminações de gênero, cor da pele, orientação sexual, religiosa e outras. Mais que tudo, precisa desses rumos para enfrentar definitivamente a grande chaga nacional que é a desigualdade de renda e as desigualdades regionais.

Nesse caminho, se impõem reformas estruturais democráticas progressivas, no terreno do Estado, suas instituições e sistema político, no campo tributário e das instituições econômicas, nas garantias dos direitos sociais universais e de qualidade que ele precisa prover, na democratização dos meios de comunicação entre outras.

A pré-candidatura de Manuela D´Ávila a presidente da República é expressão desses compromissos mais a convicção de que só uma estratégia frentista dessas forças pode abrir caminho para essas transformações centrada em torno de vasta Unidade Popular.

“Só não sofrem derrotas os que deixam de lutar”, dizia Mujica. Deve-se prosseguir no propósito de disputar a hegemonia das ideias, lutar nas ruas, nas instituições e nas urnas, para que o povo brasileiro se una em torno dessas perspectivas. O povo vencerá mais essa página de horrores que se abriu no Brasil com o golpe de Estado do impedimento presidencial em 2016, continuado desde então, ameaçando todo o ordenamento democrático de direito do país, os interesses nacionais e populares.

Da luta da unidade popular emergirá um novo Brasil.

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