Pacto com PSDB seria capitulação ao inimigo

As crises são reveladoras. Já se tornou um aforisma a afirmação de que toda crise tem um lado bom. É na crise que aparecem as oportunidades e alternativas, é quando as forças comprometidas com as transformações sociais na perspectiva patriótica, democrática e popular se renovam e agigantam para o enfrentamento de novos desafios.

O povo brasileiro está diante de mais uma encruzilhada na acidentada trajetória histórica da luta por democracia, soberania nacional e progresso social. A tendência para alcançar novas conquistas nesse rumo se tornou mais nítida com a reeleição da presidenta Dilma Rousseff no último pleito presidencial, o que desencadeou a furiosa reação das forças conservadoras e neoliberais que hegemonizam o consórcio oposicionista formado por partidos políticos, a mídia conservadora e personalidades de destaque à frente de diferentes instituições do Estado.

No vértice desse consórcio encontra-se o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), que esteve à frente do governo nacional entre 1995 e 2002, sob a liderança do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, e deixou uma herança de devastação da soberania do país, dilapidação do patrimônio nacional e da administração pública, destruição econômica e degradação social da qual até hoje o país não foi inteiramente resgatado. O grande líder patriota Leonel Brizola dizia à época que FHC cometia tropelias e entregava ao imperialismo as riquezas nacionais, que estes atos lesivos à nação e ao povo provocavam danos irreversíveis em curto e médio prazos históricos.

Foi esse partido também, o PSDB, que por meio da candidatura de Aécio Neves na última eleição presidencial, apresentou um programa de restauração do domínio da oligarquia financeira e de resgate da ditadura dos punhos de renda que caracterizou o governo do ex-sociólogo da Sorbonne.

É o PSDB que está à frente de toda a destemperada e odiosa campanha golpista para impedir que a presidenta Dilma Rousseff exerça o seu segundo mandato e dê curso à decisão emanada das urnas – a de realizar mudanças e reformas estruturais democráticas para que no Brasil continue atualizando-se e aprofundando-se a etapa política inaugurada em 2002 com a primeira vitória eleitoral de Luiz Inácio Lula da Silva.

Desse modo, não existe despautério maior do que a proposta de um pacto político entre o governo liderado pela presidenta Dilma Rousseff e o PSDB para enfrentar as dificuldades econômicas e solucionar a crise política, acordo em que o ex-presidente FHC e o senador José Serra seriam personagens centrais de um dito diálogo emergencial.

Não faltará quem se predisponha, nos partidos progressistas, a avalizar o acordo e até fabular justificativas, com a tese de que é falsa a polarização entre o governo Dilma e o PSDB, ou cometa mirabolantes raciocínios sobre “política de alianças” e gestão da “correlação de forças”, para assegurar a governabilidade e a estabilidade política e social.

As crises têm, assim, também a qualidade de revelar a solidez dos princípios e a coerência das forças políticas, o lado que adotam na luta política e a perspectiva que vislumbram.

O povo brasileiro tem diante de si a possibilidade de avançar se tomar o caminho da resistência à ameaça golpista e da luta. Isto implica, no atual momento, a defesa do mandato da presidenta Dilma, da Petrobras, da economia nacional e da reforma política democrática, com o fim do financiamento privado das campanhas eleitorais. A conciliação com o PSDB representaria a capitulação e só levaria a retrocessos.