PCdoB em Ijuí comemora os 85 anos com almoço de confraternização

Evento também marca início do projeto de divulgação da história do PCdoB junto à sociedade ijuiense


 

Neste domingo, 25 de março, o Partido Comunista do Brasil (PCdoB) está completando 85 anos de fundação e o diretório municipal de Ijuí fará a comemoração reunindo filiados e simpatizantes em um almoço na sede da Associação dos Funcionários da Fidene (AFFI).


 


O encontro festivo inicia-se às 10 horas, com atividades esportivas e de recreação e logo após será servido o almoço, com churrasco e saladas. Os cartões podem ser adquiridos no local ou antecipadamente com os militantes comunistas, ao preço de R$ 5,00 para adultos e R$ 3,00 para crianças.


 


Na ocasião, será divulgado um boletim informativo elaborado pelo comitê municipal, contendo um resumo da trajetória nacional do PCdoB nestes 85 anos. Esta edição representa o primeiro trabalho de um projeto maior, que propõe-se a ampliar a divulgação do partido na sociedade ijuiense. “Trata-se de um estímulo aos militantes de Ijuí, para que façam uma reflexão acerca de sua trajetória pessoal dentro do Partido Comunista do Brasil (PCdoB). A partir dos relatos registrados, será produzida uma revista mostrando como os comunistas contribuíram em diversos momentos importantes da história do município”, revela Mateus Junges, militante comunista responsável pela elaboração das publicações.


 


 


Partido Comunista do Brasil (PCdoB) – 85 anos como instrumento de luta da classe operária


 


No dia 25 de março o Partido Comunista do Brasil (PCdoB) completa 85 anos de fundação e quem tem muito a comemorar com isso é o povo brasileiro, pois ao longo de sua história o partido representou para os trabalhadores um espaço próprio para encaminhar cada uma das suas maiores lutas por liberdade e democracia, valorização do trabalho como ação humana transformadora e por soberania nacional.


 


A criação do partido comunista em nosso país foi, portanto, uma necessidade da classe operária e deu-se em um momento de grande mobilização popular, evoluindo a partir das atividades e concepções anarquistas predominantes no início do século 20 (greves e paralisações, insurreições militares, etc.) para tornar-se um movimento ainda mais amplo, patriótico, cultural e de renovação política e social. Em meio à Semana da Arte Moderna, figuras notáveis do cenário artístico e cultural somaram-se a líderes sindicalistas e populares para fundar, em 1922, o Partido Comunista do Brasil, cuja sigla, à época, era PCB.


 


Vanguarda dos trabalhadores


 


Iniciou-se então uma trajetória em que o partido alcançou a posição de protagonista e vanguarda nas lutas da classe operária, inclusive obtendo grande expressão eleitoral, como, por exemplo, nas eleições para o Congresso Nacional Constituinte de 1945, quando mais de 10% da bancada de deputados era formada por comunistas, entre eles, o escritor Jorge Amado e o líder revolucionário Luiz Carlos Prestes, que foi eleito senador. Tais fatos denotavam o prestígio popular das idéias comunistas, mas também provocaram uma forte reação das elites sociais, que com sucessivos golpes de Estado, não só restringiram as liberdades democráticas do povo como também cassaram os mandatos dos parlamentares comunistas, colocaram o partido na ilegalidade, perseguiram, prenderam, torturaram e mataram muitos de seus integrantes e dirigentes. Aliás, a história recente do país mostra que justamente nos momentos em que o povo foi mais oprimido por regimes ditatoriais, também o Partido Comunista do Brasil enfrentou os maiores desafios à sua organização. Mesmo assim, jamais faltaram à militância comunista coragem e consciência para continuar na luta por seus ideais. Em plena década de 1970, no auge da repressão imposta pelo governo militar, o PCdoB travou a Guerrilha do Araguaia, que tornou-se o maior movimento de resistência armada à ditadura e contribuiu decisivamente para denunciar as violências cometidas pelo regime e escancarar para as classes médias da sociedade toda a situação de opressão a que estava submetido o povo brasileiro. Com isso, ganhou impulso o processo de redemocratização do país, com as lutas pela Anistia e, posteriormente, pelas eleições diretas. Em ambos os movimentos os comunistas tiveram destacada atuação, ainda que, à época, impossibilitados de organizarem-se em seu próprio partido, tenham feito do Movimento Democrático Brasileiro (MDB) a sua trincheira de luta. Quando enfim o partido reconquista o direito de organizar-se legalmente, mantém-se coerente à sua história e compõe com a Frente Popular a base político-ideológica do movimento democrático e popular que culmina com a eleição de Lula à Presidência da República, na terceira tentativa consecutiva.


 


Socialismo renovado


 


Embora os muitos méritos da organização comunista brasileira, é inegável a ocorrência de períodos em que surgiram incompreensões quanto aos referenciais marxista-leninistas fundamentais do comunismo, principalmente quanto à opção por um modelo acabado de socialismo, capaz de ser aplicado indistintamente em todos os países, em oposição à idéia de um sistema socialista construído com bases próprias, respeitando as características individuais de cada nação.


Desde o início dos anos 1980, a crítica consciente acerca dos problemas enfrentados nas experiências socialistas em curso no mundo permitiu ao PCdoB renovar as suas concepções sem, no entanto, cair no revisionismo teórico. Em outras palavras, o PCdoB manteve-se fiel à linha revolucionária, que prioriza a classe operária como principal agente transformador social, mas passou também a viver um período de maior independência teórica, aplicando na realidade brasileira os conceitos criados por Karl Marx e Friedrich Engels e desenvolvidos por Vladimir Ilitch Uliânov (Lênin).


Esta foi uma das principais razões para que o partido surgisse com nova vitalidade e compreensão nos anos de 1990, mesmo após a derrocada da União Soviética, a queda do muro de Berlim e o alardeado “fim da história”, que propõe o capitalismo como único sistema produtivo viável para a humanidade.


 


Maturidade política


 


No século 21, e especialmente a partir deste ano de 2007, o Partido Comunista do Brasil (PCdoB) alcança um novo patamar de maturidade política, em que atua de forma diferenciada dos demais partidos, tendo sua interpretação, produção teórica e ideológica próprias, trabalhando em três grandes frentes: a luta institucional (parlamento, governos e disputas eleitorais), a disputa de idéias na sociedade e ainda a participação destacada nos movimentos sociais e populares que são a principal força motriz dos processos revolucionários.
Ainda que esta tripla frente de atuação não seja exclusividade do PCdoB em relação a demais partidos políticos, a característica marcante dos comunistas é buscar o equilíbrio nesta atividade, sem pender apenas para a luta institucional, caindo no revisionismo e sem priorizar exclusivamente a luta ideológica ou os movimentos populares, de onde deriva o esquerdismo. Assim, hoje o PCdoB vem assumindo importantes posições no governo federal, em diversos municípios e estados, já ocupou a presidência da Câmara dos Deputados (e até a Presidência da República, interinamente!), mas também dirige politicamente entidades como a União Nacional dos Estudantes (UNE) e a União Brasileira de Estudantes Secundaristas (UBES) através da União da Juventude Socialista (UJS), a maior entidade juvenil da América Latina. Participa ainda, com destaque, da Central Única dos Trabalhadores, através da Corrente Sindical Classista e dos movimentos de emancipação feminina, pela União Brasileira de Mulheres.
Há ainda uma outra condição bastante peculiar aos comunistas e que denota uma grande evolução na forma de organização interna. Atualmente, o partido mantém o seu modelo histórico de ser formado por quadros, ou seja, pessoas que adquiriram crescente compreensão teórica e assumem maiores responsabilidades ao longo de sua trajetória militante. No entanto, isso não quer dizer que o PCdoB seja um partido para poucos. Ao contrário, hoje os comunistas estão trabalhando em uma realidade com maiores liberdades democráticas e grandes contingentes do povo brasileiro vem somando-se à luta pelo socialismo, mesmo sem assumir uma função específica dentro do partido.


Isso vem ocorrendo cada vez mais, à medida que se destaca aos olhos da sociedade todo o histórico do PCdoB como legítimo instrumento da classe operária nas suas lutas por emancipação social, por libertação da opressão do capital e conquista de condições de igualdade para viver. Neste sentido, a ética de classe é um dos aspectos mais marcantes do Partido Comunista do Brasil, pois se manteve fiel, desde suas origens, à única classe social que realmente tem interesse de realizar a revolução: o proletariado.


 


Audácia


 


 Essa condição rara para um partido político, unindo tradição e modernidade, história e renovação constante, permite ao Partido Comunista do Brasil uma maior afirmação do seu papel e avanço mais audaz da sua política em defesa do Brasil e do seu desenvolvimento, da democracia, do progresso social e da integração continental. Por estes pressupostos, o PCdoB projeta-se com mais audácia na sociedade, em todos os campos de sua atuação: nas disputas eleitorais, apresenta um projeto próprio, inclusive com maior independência em relação às demais forças políticas; nos movimentos populares e sociais, reafirma sua capacidade de liderança na construção da sociedade socialista e, em todos os debates ideológicos, apresenta-se com opiniões marcantes, fundamentadas na ciência e na experimentação, unindo teorias e práticas do marxismo-leninismo com as vivências de sua militância e do nosso povo.



De Ijuí
Mateus Junges