Operação Condor: Jango foi envenenado, diz ex-agente uruguaio
O ex-presidente brasileiro João Goulart (1961-1964) morreu, segundo a versão oficial, de um ataque cardíaco em 6 de dezembro de 1976 no município de Corrientes, na Argentina. No entanto, as suspeitas de que Jango foi morto por agentes da Operação Condor sempre foram levantadas por amigos, familiares e especialistas.
Publicado 23/10/2012 11:46
Em recente entrevista à Empresa Brasil de Comunicação (EBC ), o ex-agente do serviço secreto uruguaio Mario Neira Barreto forneceu detalhes da operação que teria resultado na morte de Goulart. Segundo ele, o ex-presidente brasileiro, deposto pelo regime militar, foi morto por envenenamento. De acordo com Neira, Jango era considerado uma ameaça pelos militares brasileiros.
Em 2008, ele já havia revelado ao jornal Folha de S. Paulo que Jango foi morto a pedido de Sérgio Paranhos Fleury, na época delegado do Dops (Departamento de Ordem Política e Social) de São Paulo, com a autorização do então presidente Ernesto Geisel (1974-1979).
A Operação Condor foi uma aliança política entre os regimes ditatoriais da América do Sul durante os anos 1960 para reprimir opositores e eliminar seus líderes. Segundo a EBC, mesmo destituído, Jango era monitorado por agentes no Uruguai, onde se encontrava exilado.
A família de Goulart nunca autorizou uma autópsia. Com base no depoimento de Neira, a família pediu uma investigação ao Ministério Público Federal (MPF), mas o processo foi arquivado pela Justiça por ter prescrito.
Leia abaixo algumas das declarações de Neira, que está preso desde 2003 na Penintenciária de Charqueada, no Rio Grande do Sul, por contrabando de armas:
“Jango era o pivô porque forneceria as passagens, iria aos Estados Unidos e voltaria com toda aquela imprensa a Brasília, [passando] primeiro em Assunção, onde seria o conclave, a reunião de todas as facções políticas do Brasil que se encontravam dispersos e exilados, e ele iria faria possível essa reunião”.