Fim da trégua: Marchas da Resistência recomeçam na Argentina

“As Marchas da Resistência voltaram”, anunciou a dirigente da organização das Mães da Praça de Maio, Hebe de Bonafini, ao convocar uma manifestação para o próximo dia 10 de dezembro, quando o novo presidente eleito da Argentina, Maurício Macri, vai assumir o poder executivo.

Marchas da Resistência - Wikicommons

“Repudiamos a presença de Macri na Casa do Governo, temos o direito de fazê-lo como povo”, manifestou a dirigente, que qualificou o novo presidente como “um inimigo muito perigoso”.

As Marchas da Resistência são históricas na Argentina e reconhecidas mundialmente. As manifestações organizadas pelas Mães e pelas Avós da Praça de Maio desde 1981 atraíam multidões de diversas regiões do país para lutar por justiça social, verdade, memória e reparação dos crimes da ditadura militar argentina.

Hebe esclarece que as Mães e as Avós da Praça de Maio repudiam o governo de Macri e o lema de resistência será “Nenhum passo atrás – resistir é combater”. Enquanto Néstor e Cristina Kirchner administraram o país, as marchas foram suspensas porque as duas organizações consideravam se tratar de “governo amigo”, explicou a dirigente.

A “trégua” aconteceu em 2006, quando as Mães e as Avós consideraram que o governo de Néstor Kirchner estava, pela primeira vez, adotando uma posição ativa e contundente para punir os crimes e as violações de direitos humanos cometidos durante a ditadura militar. Quando o Estado reconheceu e começou a punir os ditadores, o movimento suspendeu as Marchas da Resistência.


Hebe Bonafini anuncia que acabou a trégua, as Marchas da Resistência voltam com força contra Macri 


Afirmam, porém, que agora “o inimigo voltou” e por isso é necessário resistir novamente. “Faremos esta marcha para que quando ele [Macri] venha à Casa de Governo nos encontre aqui, o povo marchando, repudiando sua presença nesta casa e rechaçando os que falam de legalidade, mas fazem tudo ilegal”, denunciou Hebe.

A manifestação vai começar na Praça de Maio às 15h30 do dia 9 e permanecerá até o dia seguinte, quando acontece a solenidade de posse do novo presidente.