Mulheres do Ceará com Dilma: Dois anos de luta e ousadia

Elas estão em todas! Basta um olhar mais atento para encontrá-las nas manifestações realizadas em Fortaleza em defesa do mandato da presidenta Dilma, da democracia e dos direitos das mulheres.

Mulheres do Ceará com Dilma: Dois anos de luta e ousadia

De tão presentes já tornaram-se, junto com outros movimentos, presenças marcantes em caminhadas, atos e manifestações. Apesar de muito atuante, o movimento Mulheres do Ceará com Dilma surgiu há apenas dois anos. A iniciativa veio após as ofensas sofridas pela presidenta durante a abertura da Copa do Mundo realizada no Brasil, onde Dilma foi duramente ofendida pelo público que estava no Itaquerão, em São Paulo, no dia 12 de junho de 2014. “Fiquei tão indignada e ofendida que acionei, pelas redes sociais, algumas amigas comprometidas com as causas das mulheres. A aceitação foi imensa e dali decidimos nos encontrar para tomar alguma providência”, diz Nilze Costa e Silva, uma das fundadoras do grupo.

O primeiro passo foi reunir apoiadoras para, juntas, iniciar uma campanha em defesa de Dilma. “O local foi o restaurante Maria Bonita. Além de representar uma mulher guerreira, lá sempre esteve aberto para intervenções e tornou-se local de luta. A partir de então, construímos um manifesto em defesa de Dilma e das mulheres, que logo foi distribuído nos pontos de concentração da Copa em Fortaleza, como nos bolsões de carros e na Praia de Iracema, onde estava instalada a Fan Fest, arena oficial do evento”, recorda a escritora.

“Criamos o grupo quando Dilma foi desqualificada pelas pessoas na cerimônia de abertura diante de representações internacionais do mundo inteiro. Aquele xingamento de certa forma atingiu a honra dela e a nossa também, pois acreditamos que só aconteceu pelo fato de ela ser mulher. Foi uma clara demonstração de machismo e misoginia”, confirma Daciane Barreto, outra representante do grupo.

A indignação impulsionou as amigas a se reunir semanalmente e pensar em ações concretas para defender Dilma. “Saímos das redes sociais e passamos a discutir atividades pessoalmente. Desde então, os encontros acontecem todas as terças-feiras no restaurante Maria Bonita. Nas reuniões, abertas e suprapartidárias, discutimos ações em defesa da democracia, do Estado Democrático de Direito e principalmente da pessoa da Dilma. Consideramos um avanço do ponto de vista das mulheres e da própria sociedade o país ser conduzido por uma mulher, apesar de seu mandato ter sido interrompido”, ratifica Daciane.

Desde a criação, o movimento só cresceu. Vieram as eleições e o grupo continuou mobilizado para reconduzir Dilma ao segundo mandato. “Durante todo esse tempo, não houve uma semana sequer que tenhamos tido sossego. Sempre aparecem decisões urgentes a serem tomadas pelo coletivo”, reforça Nilze. Ela cita como exemplos o adesivo de carro preconceituoso e violento que expôs Dilma. “Construímos outro manifesto em sua defesa e denunciamos à Procuradoria e ao Ministério Público estaduais. Aquilo foi uma agressão a todas nós, mulheres”, critica.

O grupo virtual reúne quase 80 mulheres, mas nas atividades somam-se centenas de pessoas que apoiam a iniciativa do movimento. “São homens e mulheres que, como nós, não abrimos mão de defender Dilma”, reitera Daciane.

Nesses dois anos de atuação, o Mulheres do Ceará com Dilma já participaram de várias ações de destaque, dentre elas todas as caminhadas e atos realizados em Fortaleza e a Caminhada das Mulheres realizada em Brasília, na véspera da votação da admissibilidade do impeachment no Senado. “Na capital federal, participamos da passeata e depois da votação fomos até a casa dela prestar nossa solidariedade. Conversamos com a vigilância e ratificamos nosso apoio à presidenta. Eles falaram com ela, repassaram nosso recado, mas não fomos recebidas pois Dilma já estava recolhida”.

Luta e ousadia são a marca do movimento. Foram também as representantes do Mulheres do Ceará com Dilma que receberam com escracho o senador Cristovam Buarque (PPS-DF), que votou a favor do impeachment de Dilma. Em visita a Fortaleza para participar de um evento na UECE, o senador foi hostilizado e chamado de “golpista”. “Nossa batalha é constante e cada vez mais necessária. Não recuaremos dos enfrentamentos”, afirma Daciane que acrescenta: “Estamos juntas na luta contra o machismo, contra o ataque à figura da mulher que tem a simbologia de conduzir o país de profundas raízes patriarcais. Vemos cotidianamente os ataques dirigidos a ela e a nós, atos repulsivos, mas infelizmente corriqueiros. São piadas, forma de tratamento e até estupros. Não nos calarão”.

“Volta Dilma”

Como meta para as próximas ações, as Mulheres do Ceará com Dilma já têm uma bandeira unificada: Volta Dilma! “Focam muito no Fora Temer, mas se ele sair, quem entra? Temos que garantir e respeitar os 54 milhões de votos que ela recebeu. Em nome da democracia, ela tem que cumprir seu mandado legitimamente até o final”, considera Nilze.

Além disso, o movimento reforça que o objetivo do grupo é incentivar a participação das mulheres na política. “Mesmo que Dilma saia, queremos mostrar a todos e todas que as mulheres são capazes sim de participar deste meio. A sociedade precisa se acostumar e aceitar que temos valor e capacidade de atuar na política. Chega de preconceito”, ratifica.

Outro ponto destacado por Nilze que está sendo encabeçado pelas Mulheres do Ceará com Dilma é contra os retrocessos impostos pelo governo interino e “golpista” de Michel Temer, dentre eles a extinção da Secretaria das Mulheres e tantas outraos que simbolizam atraso. “Não iremos retroceder diante deste discurso machista e neoliberal”, avisa.

Programação

E para comemorar os dois anos de atuação, o movimento Mulheres do Ceará com Dilma já tem agendada uma programação de atividades para marcar a luta permanente em defesa das mulheres e da presidenta. No dia 11 de junho, às 17h, no restaurante Maria Bonita, acontecerá o ato político e cultural, com a apresentação da peça teatral “Encontro Imaginário Entre Mulheres Guerreiras”, além de show musical e sarau poético. Já no dia 14 de junho, a Assembleia Legislativa realizará audiência pública, às 14h, com a presença da ex-Ministra de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci.

Serviço

Reunião Mulheres do Ceará com Dilma

Todas as terças-feiras, a partir das 19h, no restaurante Maria Bonita (Rua Desembargador Leite Albuquerque, 358 – Aldeota)