Luta por futebol democrático será tema de debate no Congresso da UJS

As arquibancadas de futebol tem sido palco de diversos protestos pelo Brasil. Sobretudo após o golpe contra a presidenta Dilma, faixas de “Fora, Temer” pipocaram por estádios de todas as regiões do país.

Torcedores do Paysandu mostram faixa em protesto contra Rede Globo

Mas antes disso, através de protestos contra o horário dos jogos impostos pela Rede Globo que começaram no dia 9 de setembro do ano passado, durante a exibição da partida entre Corinthians e Grêmio, impulsionadas pela campanha “Jogo, 10 da noite, Não!”, e logo depois, com a torcida Gaviões da Fiel, do Corinthians, ter começado suas manifestações contra o desvio de merendas das escolas públicas paulistas e também se manifestando contra a Globo e a CBF, os estádios se tornaram importantes espaços de protesto pelo país todo.

A luta pela democracia no país nos estádios e ao mesmo tempo contra a elitização do próprio futebol estarão presentes no Congresso da UJS na mesa “Eu canto a esperança de uma arquibancada popular”, no dia 29 de julho, sexta-feira, às 14 horas no Clube Tietê, em São Paulo.

Representantes de diferentes movimentos, torcidas e coletivos debaterão sobre o momento atual do esporte preferido e importante símbolo cultural do povo brasileiro. O jornalista Juca Kfouri, a jornalista Lu Castro e Aira Bonfim, do Museu do Futebol, também marcam presença no debate, assim como a torcida Gaviões da Fiel que estará representada.

Para Penélope Toledo, jornalista e integrante do núcleo carioca do coletivo “Futebol, Mídia e Democracia” que participará do debate, a importância desse debate “é que as arquibancadas, de fato têm sido este espaço de luta resistência, e no caso da questão da mídia, especificamente, porque é uma forma de aproximar das pessoas o debate sobre temas como monopólio midiático, ou seja, debater os temas partindo de um assunto do interesse das pessoas, que é o futebol. Em tempos em que impera o senso comum apolítico, falar utilizando o futebol, penso, é uma forma de encontrar ouvidos”.

Najla Diniz, do “Futebol, Mídia e Democracia” e do movimento “Inter Feminista”, de Porto Alegre, coloca que o movimento de mulheres coloradas, “além da questão óbvia do preconceito de gênero na arquibancada e como ele se manifesta, através de atitudes machistas, o coletivo faz uso também do prefixo “inter” do seu nome: como as questões de gênero se dão no Internacional, instituição (que tem 22% do quadro social composto por mulheres) e como se dá a relação entre essas mulheres. Quem são, o que querem, qual seu perfil. A questão de gênero vai além do machismo, passa pelo empoderamento e ocupação dos espaços com outro propósito que não o do embelezamento.

O representante mineiro na mesa, Léo Souza, que além do coletivo FMD é conselheiro da Torcida Máfia Azul e membro do movimento Resistência Azul Popular, destaca que “com a reforma do estádio Mineirão para os jogos da Copa, a elitização das arquibancadas através da transformação do estádio em arena e o excludente programa de sócio aplicado pelo Cruzeiro, houve uma natural aproximação de torcedores ativistas, membros de torcidas organizadas e pessoas influentes no meio, com pautas comuns contra as perdas dos direitos, pela redemocratização da arquibancada e contra atitudes antipopulares do presidente do clube", explica.

"Nessa aproximação, criou-se a Resistência Azul Popular, Torcida antifascista e anticapitalista e o Núcleo BH do Coletivo Futebol Mídia e Democracia, onde idéias são colocadas em prática como denúncias e atos na arquibancada contra a concessionária do Mineirão Minas Arena, ativismo na Assembléia Legislativa de Minas Gerais em eventos sobre futebol e organização de visita de imigrantes haitianos em jogos do Cruzeiro. Houve também através do Coletivo Futebol, Mídia e Democracia, núcleo de BH, uma aproximação com torcedores do Atlético-MG que possuem ideologias parecidas, onde são idealizados e realizados atos em conjunto”, afirma.

Depois do debate será exibido o mini-documentário Flores do Estádio, produzido pelas recifenses Manuela Andrade e Catarina Raissa, que trata dos problemas enfrentados pelas mulheres nos estádios de futebol.

Confira o trailer: