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Walter Sorrentino: O debate eleitoral vai acabar se impondo

A eleição nos municípios brasileiros teve início no dia 16 de agosto, mas o ambiente político, em meio a processo de impeachment da presidenta da República, intolerância política e o país sediar um evento da magnitude dos Jogos Olímpicos no Rio, culminou num ambiente desfavorável para se debater eleições. Entretanto, para o vice-presidente nacional do PCdoB, Walter Sorrentino, este clima deve mudar “nas fases mais tardias da campanha”.

Walter Sorrentino na Rádio Vermelho

Por Eliz Brandão

Segundo o dirigente, responsável pelas campanhas municipais da legenda neste ano, particularmente as eleições municipais tendem a debater os problemas reais de cada localidade. “O debate eleitoral vai acabar se impondo. Porque se trata de problemas muito concretos que se vivem na sua cidade e no seu bairro e a população tende a um comportamento mais pragmático de resultados.”

Para Walter, “essas eleições estão se dando como um ponto fora da curva”. Mas com o passar do tempo isso pode ser alterado. “A própria campanha, acho que ela não terá muito relação com a história política-eleitoral pregressa e nem projetarão para o futuro uma nova linha política-eleitoral.”

O vice-presidente do PCdoB citou as mudanças bruscas nas regras eleitorais, como o fim do financiamento empresarial nas campanhas. Para ele, este será um grande desafio para as campanhas que têm poucos recursos financeiros. Foi um “chofre sem substituto algum”, disse ele, em relação a falta de alternativa para bancar as campanhas.

“Além do que há na sociedade um mal-estar com a crise econômica e social e há também um mau humor com o sistema político, com a representação política de modo que a primeira tendência é de um rechaço da própria população para debater o clima eleitoral.”

Walter Sorrentino destacou ainda como diferencial nestas eleições a intolerância da sociedade, definida pela concentração de discussões entre grupos políticos opostos: os favoráveis ao golpe e os que são contra. “Nestes tempos de luta contra o golpe. Há a polarização na sociedade que gerou um movimento não só de rechaço, mas de preservação. Não se fala muito de política para não brigar.”

“É preciso descobrir, mais precisamente, a gramática política desta campanha eleitoral, acho que está todo mundo tateando. O que se sabe é que vai ficar para uma etapa posterior, mais próximas das eleições, mas que afinal ela vai acabar por se impor. O eleitorado brasileiro decodifica bem o sentido de uma eleição, sobretudo uma eleição municipal.”

Segundo Walter, “o trabalho que se faz, desde já, não é inútil, haverá muito debate (…) acho que esse movimento vai recolher tudo que se fizer mesmo neste ambiente de frieza”.

A crise política em que vive o país e que toma parte dos noticiários agrava o descontentamento do eleitorado com a política brasileira, “mas o eleitor pode estar refletindo este estado de coisas”, reflete Walter. Para ele, este ambiente “não deve esmorecer, sobretudo, a esquerda política e social em fazer uma campanha concentrada, ir ao encontro dos problemas e debatendo esses problemas da cidade”.

Projeto Eleitoral do PCdoB

Sobre o projeto e a tática do PCdoB, o vice-presidente destacou como bem-sucedida a formação das candidaturas comunistas em todo território nacional. Segundo ele, o objetivo era compor um projeto eleitoral resultado do prestígio alcançado pelo PCdoB na luta política e social e este reconhecimento foi importante também para o aumento do número de candidaturas majoritárias, “sobretudo nas grandes cidades do país”, destacou.

O vice-presidente do PCdoB conclui que “o primeiro elemento da tática do PCdoB foi vitorioso”, pois houve aumento em cerca de 40% no tamanho do projeto em relação à campanha de 2012. “São 330 candidaturas a prefeito, mais 357 vices, o que alcança mais de 20 milhões de eleitores sendo disputados com a legenda 65”, afirmou.

Walter contou ainda que o projeto partidário está concentrado nas disputas a prefeito nas grandes cidades do pais e citou cinco capitais importantes que o PCdoB disputa, como a do Rio de Janeiro, com Jandira Feghali, em Aracaju, Edvaldo Nogueira, em Salvador, com Alice Portugal, Angela Albino, em Florianópolis e em Belém, com Lélio Costa. “São candidaturas fortes”, disse.

“Vamos disputar 16 cidades, entre as 92 cidades com segundo turno eleitoral. Entre as demais cidades, temos 35 candidaturas em disputa”. “O PCdoB terá ainda mais de 12 mil candidatos a vereador em todo o Brasil”, destacou o dirigente.

Walter falou sobre o alcance eleitoral no Maranhão, onde o partido é o maior do estado e a influência política do governador Flávio Dino nestas disputas. O dirigente citou ainda que há candidaturas comunistas nas três das cinco maiores cidades do país nos estados como Minas, Bahia e Maranhão.

O vice-presidente do PCdoB Walter Sorrentino avalia como “bom” o projeto eleitoral da legenda, mas para ele, o fundamental das eleições é o processo progressivo de acumulação de forças. A vitória dos comunistas nestas disputas ajudarão não só a fortalecer o partido, mas sobretudo colaborará com a reestruturação da esquerda brasileira, que representa o anseio de resistência democrática ao golpe no país, conclui.

Ouça abaixo a íntegra da entrevista na Rádio Vermelho: