A Marcha mostrou a força das mulheres nos Estados Unidos

A médica Helena Petta participou da Marcha das Mulheres contra Trump em Boston, onde se encontra para um período de estudos. Para Helena a manifestação foi importante não apenas por protestar contra Donald Trump, empossado como presidente dos Estados Unidos na sexta-feira (20), mas por revelar uma grande capacidade de organização das mulheres americanas e por envolver reinvindicações de outros segmentos sociais.

Marcha das Mulheres Boston - Foto: Arquivo familiar de Helena Petta

Entre as quase 100 mil pessoas que participaram da Marcha das Mulheres contra Trump em Boston, pelo menos quatro eram brasileiras. A médica brasileira Helena Petta, que está fazendo doutorado na Harvard School of Public Health foi para a manifestação acompanhada do marido e de seus dois filhos.

Para Helena, “participar hoje da Marcha das Mulheres em Boston foi uma experiência muito interessante, pois mostrou a força e a reação de uma parcela da sociedade americana que foi derrotada nas eleições presidenciais e também do movimento das mulheres, com a organização de atos em diversas cidades dos Estados Unidos”. Helena destacou ainda que também ocorreram manifestações em diversos outros países. Atenta ao objetivo da mobilização, a médica lembrou também que “o tom principal era da luta das mulheres contra as declarações de Trump sobre as mulheres, mas vimos diversas bandeiras pulverizadas, como a luta anti-racista, LGBT, dos imigrantes, muçulmanos, etc”.

A condição de médica levou Helena a observar muitos cartazes referindo-se a manutenção dos direitos ao acesso à saúde, fruto das declarações de Trump contra a Lei de Proteção e Cuidado ao Paciente, programa de reforma da saúde que ficou conhecido como “Obamacare”. “Acho que isso é novo por aqui, pois está não é uma sociedade com tradição de luta por políticas públicas desta natureza”, declarou.

A brasileira afirmou que “foi um importante movimento neste momento triste da história, com a ascensão ao poder do que de pior temos em nossa sociedade. Mostra que existe uma resistência que está se organizando e que as mulheres estão protagonizando, como em diversos outros momentos da história”.

Foi a primeira manifestação que Helena participou nos Estados Unidos, mas seu “currículo” no Brasil é extenso. “Participo de manifestações desde criança. Fui com meus pais na campanha das Diretas Já, depois organizei e participei do Fora Collor como estudante secundarista, muitas por educação e saúde e mais recentemente contra o impeachment da presidenta Dilma e Fora Temer”, contou a médica. Ainda recordando seu período de atuação no movimento estudantil, Helena lembrou que sempre existiu o protagonismo feminino. “Na minha época de secundarista Leila Márcia e depois Juana Nunes foram presidentas da UBES”. Ela acrescentou ainda que observa um crescimento da atuação das mulheres e cita o fato da UBES novamente ser presidida por uma mulher ( Camila Lanes), assim como a UNE, que tem como presidenta Carina Vitral. “O movimento de mulheres no Brasil também está cada vez mais forte”, concluiu a médica