Direitos da Mulher e combate a Temer no 8 de março

 A passagem do 8 de março, Dia Internacional da Mulher, em São Paulo, foi celebrada com muita luta. Cerca de 20 mil pessoas participaram da passeata, convocada de forma unificada pelas organizações dos movimentos sociais, e pararam o centro de São Paulo. Com a pauta "Aposentadoria Fica, Temer Sai – Paramos pela Vida das Mulheres", as manifestantes reivindicaram os direitos das mulheres e combateram as medidas de Temer.

8 de março

 Desde a concentração, na Praça da Sé, não faltou alegria e agitação. Centenas de bandeiras, cartazes e as baterias feministas organizadas pelas entidades presentes animaram todo o percurso. A passeata foi até a sede da Prefeitura, com uma parada em frente ao prédio do INSS, próximo ao metrô Anhangabaú, para destacar a contrariedade contra a proposta de Reforma da Previdência apresentada pelo (des)governo Temer.

Na frente da Prefeitura, o foco foi o prefeito João Dória (PSDB), cujo viés conservador desde os primeiros dias dessa gestão desagradam os segmentos populares organizados. "Ei, Dória. Pode esperar. As mulheres vão te pegar", diziam as manifestantes numa das palavras de ordem puxadas em frente ao prédio que abriga a administração municipal.

A coordenação do ato abriu mão do carro-som. Por conta disso, dezenas de jograis (técnica de repetição simultanea na multidão de dizeres iniciados por poucas pessoas) foram realizados durante todo o trajeto.

Direitos da mulher e conjuntura

De acordo com as líderes de algumas entidades que estiveram na coordenação do ato, a pauta do 8 de março desse ano reflete um novo momento do país. Segundo a coordenadora da União Brasileira de Mulheres (UBM) na capital de São Paulo, Cláudia Rodrigues, "não tem como ser diferente. O movimento feminista combate à violência em todas as formas que ela se expressa. E essa Reforma da Previdência, se passar, será uma violência brutal, principalmente com as mulheres, que serão as mais afetadas".

A mesma opinião tem a presidenta União Estadual dos Estudantes de São Paulo (UEE-SP). "Houve um entendimento de que a luta das mulheres também perpassa pela luta em defesa dos direitos sociais. E, nesse momento em que Temer coloca em risco essas conquistas, é necessário o movimento feminista também influenciar nessa disputa", observou.

Nos últimos anos, sobretudo com a chamada "Primavera Feminista", em 2015, ganhou força a luta em torno de temas como a descriminalização do aborto e a denúncia de abusos, por meio das redes sociais, a partir das hastag´s #meuprimeiroassedio e #meuamigosecreto.

Para Flávia, a força que essas pautas ganharam, possibilitando uma geração de jovens mulheres se reconhecerem enquanto feministas, faz com que seja necessário "casar" o debate conjuntural com o dos direitos da mulher. "As pautas precisam caminhar juntas. Não podemos deixar de lado os temas relacionados aos direitos da mulher. Momentos como a Primavera Feminista foram muito especiais para nós mulheres e precisam avançar junto com o enfrentamento aos retrocessos nos direitos sociais", destacou.

Retrocessos da Reforma da Previdência

Conheça alguns pontos regressivos da PEC 287, a chamada Reforma da Previdência:

– Aumenta a idade mínima para 65 anos, tanto para homens quanto para mulheres se aposentarem;

– O tempo mínimo de contribuição passa de 15 para 25 anos de contribuição. No entanto, isso garante apenas 76% do benefício;

– Para receber o valor integral, as(os) trabalhadores precisarão contribuir no mínimo 49 anos;

– Para se aposentar aos 65 anos e receber 100% da aposentadoria, será preciso pagar o INSS a partir dos 16 anos de idade;

– A proposta mínima de 65 anos poderá ser ampliada. Além disso, poderá haver mudanças nas regras sem a necessidade de votação no Congresso Nacional, caso haja aumento na expectativa de vida da população.

Pensão

– em caso de pensão por morte, os beneficiados só poderão receber 60% do valor, mais 10% para cada dependente;

– Não será mais possível receber a pensão e a aposentadoria. Será necessário escolher um dos dois.