José Bertotti: O novo nasce do velho

A Reforma Política está pautada no Congresso Nacional. Esse ainda é o local mais adequado para que seja discutida uma forma de atender às necessidades de constituir uma representação da sociedade que possa dar cabo à missão de conduzir coletivamente o nosso país a um processo de desenvolvimento onde a produção e o trabalho sejam de fato os ativos mais valorizados. 

José Bertotti: O novo nasce do velho - Divulgação

Esses dois fatores têm as condições para emancipar nossa nação de mazelas seculares que ainda afligem a população, como a violência e a desordem urbana.

Muitos se perguntam como fazer isso diante de um Congresso tão desacreditado; porém, deve-se levar em consideração que não é negando a política que se fará a reforma política. De fato, alguns pressupostos devem ser consolidados para balizar as discussões que serão travadas.

O resultado certamente não atenderá individualmente às aspirações de cada um dos 200 milhões de brasileiros, mas, com os pés no presente e olhos no futuro, é possível chegar a um modelo que incorpore formas mais diretas de ausculta e permita que a representação dos diversos segmentos da sociedade esteja de fato presente nos espaços de decisão.

A 1ª distorção que chama atenção no atual processo eleitoral é o peso do poder econômico que literalmente compra votos. Uma tentativa de amenizar o problema foi feita quando se eliminou o financiamento empresarial. Mas ele já foi rapidamente substituído pelo patrimônio pessoal e, dessa forma, na prática, o dinheiro continua pesando em demasia, juntamente com o “caixa 2” que, segundo a Justiça, continua sendo o principal motor das eleições. Disso emerge a necessidade do financiamento público exclusivo, no valor que permita fazer chegar ao eleitor ideias criativas e programas estruturados que de fato ajudem na sua tomada de decisão.

A 2ª distorção está ligada à 1ª: ainda se vota em pessoas e não em ideias e programas. Porém a melhor forma de efetivamente representar segmentos da sociedade não é apostando fichas em “salvadores da pátria”. O caminho mais seguro para consolidar nossa democracia é o respeito à diversidade de opiniões representadas nos mais diversos partidos políticos, desde que o nosso sistema eleitoral esteja focado no debate dessas ideias e não simplesmente na eleição de indivíduos que, por mais bem intencionados que sejam, representem a si mesmos.