Arruda Bastos: Quem tem medo das Diretas Já?

“Compete agora ao povo, às entidades de classe, aos movimentos sociais, aos sindicatos, aos trabalhadores, às associações, aos políticos e partidos comprometidos com a democracia cerrarem fileiras com o clamor popular, irem ás ruas, às manifestações, às redes sociais e levantarem bem alto a bandeira das eleições DIRETAS JÁ. Nós não temos medo das urnas. Fora Temer e suas reformas!”

Por *Arruda Bastos

Luciano Siqueira: Recuperar a democracia através do voto - Nelson Almeida/AFP

O “momento ouro” de toda democracia é o do voto popular, pois é através dele que definimos os rumos de uma nação, as propostas e as diretrizes de um governo a ser implementados em um lapso de tempo determinado pelos mandatos. No Brasil, vivemos hoje um paradoxo de um governo não eleito, com propostas não referendadas nas urnas sendo votadas a “toque de caixa” por um grupo ilegítimo, capitaneado pelo temerário Temer.

As delações da JBS e, principalmente, a gravação da inconcebível audiência de Temer com Joesley Batista, um dos donos do corrupto grupo empresarial, trouxeram à tona o que nós já sabíamos e não tínhamos como provar. O presidente é um perigoso marginal que, ao longo de sua carreira e, principalmente, agora na presidência, empenha-se em surrupiar os recursos públicos para viabilizar seus objetivos políticos, calar o gângster Eduardo Cunha e garantir uma gorda aposentadoria com malas de dinheiro por vinte anos.

Temer é carta fora do baralho, em poucos dias vai cair e, definitivamente, ocupar o lugar que merece no lixo da história como um reles traidor, golpista e corrupto. Provavelmente será preso e responderá na justiça pelos seus crimes. Devemos também exigir que, de imediato, os seus atos sejam suspensos e as reformas da previdência e trabalhista, paralisadas no legislativo. A discussão agora é o day after e a forma de garantir a continuidade democrática.

A pergunta que não quer calar é: quem tem medo das Diretas Já? Ela tem cabimento nesse momento porque a grande maioria do nosso povo já se manifestou nas ruas e nas pesquisas de opinião como sendo a única forma de retornarmos ao leito democrático e pacificarmos o país. Não existe a mínima possibilidade de uma eleição indireta, sem o crivo popular, por melhor que seja essa escolha, o que já consideramos impossível, tendo como eleitores um congresso corrupto, na sua maioria, para resolver esse impasse.

No momento, é consenso geral que o governo Temer acabou e que na mesa temos duas correntes: a primeira, democrática, que propugna pela substituição do governo por outro eleito diretamente e que, consequentemente, puxará a proposta das reformas para o crivo popular, pois só serão executadas se vencedora nas urnas; a outra defende também o “fora Temer”, mas através de eleições indiretas, para propiciar a continuidade das malfazejas reformas de forma rápida antes da eleição prevista de 2018.

Com o parágrafo anterior, fica fácil responder ao questionamento do meu artigo. Quem tem medo das Diretas são os patrocinadores do golpe e do governo Temer, a grande mídia capitaneada pela Globo, a FIESP e seus patos, o capital internacional que deseja abocanhar as nossas riquezas por míseros dólares, os partidos e políticos reacionários que sonham com a volta dos tempos negros de 1964, que queremos esquecer e, por fim, mas não menos importante, todos os políticos e ocupantes de cargos com foro privilegiado que têm medo de perder o privilégio.

Compete, então, agora ao povo, às entidades de classe, aos movimentos sociais, aos sindicatos, aos trabalhadores, às associações, aos políticos e partidos comprometidos com a democracia cerrarem fileiras com o clamor popular, irem ás ruas, às manifestações, às redes sociais e levantarem bem alto a bandeira das eleições DIRETAS JÁ. Nós não temos medo das urnas. Fora Temer e suas reformas!

*Arruda Bastos é médico, professor universitário, membro da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores, radialista, ex-secretário da Saúde do Ceará e um dos coordenadores do Movimento Médicos pela Democracia.

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