Luciana: Governo Temer está desmontando o Estado nacional

A deputada Luciana Santos participou nesta segunda-feira (5), de debate no Super Manhã da Rádio Jornal, no Recife. O programa foi mediado pelo jornalista Wagner Gomes, e também contou com a participação dos deputados Betinho Gomes (PSDB) e Tadeu Alencar (PSB).

Luciana Santos - Foto: Richard Silva/PCdoB na Câmara

Luciana falou sobre o cenário político diante das denúncias contra o presidente da República. Ela ressaltou que as condições políticas do país ganharam traços dramáticos depois da abertura do inquérito contra o presidente Michel Temer, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que aumentou a instabilidade política e agravou a crise institucional. “A grande questão agora é a saída política para o que a gente tá vivendo. Esse cenário é fruto da ruptura que aconteceu um ano atrás”, observou.

A presidente do PCdoB lembrou que a narrativa que precedeu o golpe contra Dilma Rousseff era sustentada pelo argumento de que o país precisava garantir a governabilidade, a confiança do mercado e a estabilidade política. “Após um ano o que a gente vê é mais instabilidade e a imposição de uma agenda ultraliberal”, comentou.

“Mesmo o que se comemora como retomada do crescimento — lembrando que todos os prognósticos dos articulistas da economia já previam certa retomada porque chegamos ao fundo do poço com crescimento acumulado negativo de quase 8% do PIB; e com a retomada daquilo que se chama das commodities do Brasil que puxou um pouco mais [do crescimento] nesse trimestre — não quer dizer que estamos superando a crise. Muitas previsões, inclusive do FMI, é que talvez a gente não saia da recessão, no máximo suba um pouco mais de zero, chegando a estagnação. Se fala da retomada em 2020, mas a crise política, com a profundidade que temos, impacta na [questão] econômica, sem dúvida”.

Luciana criticou, ainda, a imposição de uma agenda ultraliberal e o desmonte do papel Estado. “O governo Temer está colocando a taxa [TJLP] do BNDES em preços de mercado, igualando o papel do maior banco de fomento indutor do desenvolvimento nacional na lógica de mercado”. Ela classificou como estarrecedor o fato do governo abrir mão de ser operador único de uma riqueza da envergadura do pré-sal. “A mudança da política dos marcos regulatórios do pré-sal é um grande ataque a um ativo que iria se traduzir em investimento no país, já que o próprio parlamento aprovou os royalties para a educação e para a saúde. É inaceitável o que tá acontecendo!”, pontuou
Outro tema abordado pela pernambucana foi a denúncia que cerca de 60 mil trabalhadores navais estão sendo dispensados por conta das reconsiderações dos contratos em campos importantes do petróleo e por conta da decisão de abrir mão do conteúdo local. “Nem um país do mundo fez isso. O conteúdo local existe desde que existe política pública para incentivar a cadeia produtiva importantes, no nosso caso, que representa 13% do PIB brasileiro. Isso sem falar nas reformas que calam fundo na vida dos trabalhadores”, comentou.

Ouça aqui o debate completo no site da Rádio Jornal.