Jandira Feghali defende mais mobilização popular contra Temer

A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) esteve à frente da resistência ao golpe que retirou, ilegalmente, a presidenta da República Dilma Rousseff no Congresso Nacional e atualmente da mobilização pela saída de Michel Temer e a realização de eleições Diretas.

Por Renata Bars, do portal da UNE

Jandira Feghali - Foto: Alexandre Rezende/UNE

Em passagem pelo Congresso da UNE em Belo Horizonte, Jandira alertou, também, sobre a necessidade de se retomar a pauta da reforma política, corrigindo o que chamou de “excrescências” do sistema e garantindo a efetivação da democracia.

Confira abaixo a íntegra da entrevista, na qual a deputada também comenta a atual mobilização dos estudantes e o papel das mulheres na política.

Qual deve ser o rumo das lutas pela reforma política no atual contexto do Brasil?

A primeira coisa que a gente conquistou foi o término do financiamento empresarial de campanha, o que é fundamental para reduzir a influência do pode econômico. Foi uma grande conquista já antes das eleições de 2016. Agora, achamos que temos de manter o voto proporcional, porque a outra proposta, do voto majoritário distrital exclui essa possibilidade. Defendemos o voto em lista, mas sabemos da dificuldade de passar. E estamos agora, principalmente, indo contra o chamado distritão, que elimina o papel dos partidos e transforma todo mundo em celebridade. Vamos ter que enfrentar outras propostas, como a cláusula de barreira, o fim das coligações partidárias e outras medidas excludentes. Há algumas propostas boas, como o limite do mandato de ministro do STF, que é inclusive uma PEC antiga do ex-deputado e atual governador do Maranhão Flávio Dino, acabar com o suplente do senado, que não tem voto nenhum, caminhos para sanear algumas excrescências do nosso sistema político.

Você falou falou recentemente no Facebook que o caminho para o Fora Temer é intensificar a luta nas ruas. Qual a influência do Congresso da UNE nisso?

Os estudantes têm sido protagonistas da batalha, têm desenvolvido muito trabalho na bandeira democrática, aliás essa é a história da UNE. Além da luta pelos direitos civis, direitos humanos e da pauta da educação, o grande tema da UNE é a democracia. Dez mil estudantes neste Congresso voltando para seus estados com a politização desse Congresso ajuda muito. Porque o caminho mais curto para o Fora Temer hoje não é algo da nossa influência. A renúncia é um gesto unilateral, o impeachment depende do presidente da Câmara, o TSE já não o cassou, a denúncia da Procuradoria Geral também depende de maioria na Câmara para acatar as denúncias. Isso só vai acontecer se as ruas estiverem muito fortes.

A gente tem um desafio no Brasil que é aumentar a participação das mulheres na política. Quais suas propostas para fortalecer essa luta?

Primeiro há uma batalha cultural, mostrar que as mulheres são competentes, são capazes, podem estar nesses lugares de comando. Segundo, os partidos tem que entender isso. Não apenas fazer as candidaturas cartoriais, laranjas, apenas para cumprir a lei de 30% de candidatas. Mas o mais interessante é o que alguns países já fizeram, as políticas afirmativas, dentro do próprio parlamento, que é a emenda que a gente está tentando para a reserva de cadeiras de mulheres, tendo também um mínimo por estado para contemplar todas as regiões. São todos mecanismos ainda tímidos, mas que já começam a permitir uma nova possibilidade.

Como você enxerga a participação das meninas no congresso da UNE?

Na luta política nunca teve pouca mulher. Não houve nenhuma luta revolucionária, libertária, territorial na história do Brasil que as mulheres não tenham ombreado junto aos homens ou mesmo serem as protagonistas. Mas Maria Quitéria, por exemplo, teve de se vestir de homem. O que precisamos agora é da representação parlamentar, a lei, a caneta para decidir e superar os desafios na política.