"Lutar por mais direitos, liberdade de amar, fora Temer e Diretas já!"

Hoje, dia 28 de junho, é o Dia Internacional do Orgulho LGBT, uma data escolhida para visibilizar a luta em defesa dos direitos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, mas sobretudo uma data para a reflexão, a mobilização social e a intensificação da luta contra a LGBTfobia.

Por Andrey Lemos e Silvia Cavalleire*

Parada LGBT

Essa data faz referência à Rebelião de Stonewall, um conjunto de manifestações de rua lideradas por gays, lésbicas e drag queens contra as arbitrariedades da polícia nova-iorquina,que aconteceu nas primeiras horas da manhã de 28 de junho de 1969, no bar Stonewall Inn, localizado no bairro de Greenwich Village, em Manhattan, Nova Iorque, Estados Unidos. Essas manifestações foram em reação às consecutivas perseguições ao público LGBT que frequentava o local e impulsionou a organização da população LGBT em todo o mundo.

Como em Stonewall, as pessoas LGBT vêm, ao longo das duas últimas décadas – mesmo se considerando os avanços nos direitos civis e sociais, sofrendo investidas autoritárias, arbitrárias, legitimadas pelos conservadores e pelos fundamentalismos político e religioso. Embora, no Brasil, vivemos nos últimos anos experiências de governos que ampliaram o diálogo com a sociedade civil, pautando políticas afirmativas de enfrentamento às desigualdades e algumas importantes conquistas no judiciário – que se somam num processo de fortalecimento da cidadania dessas pessoas, por outro lado, contamos com um legislativo que tem se cacifado no papel de opressores das chamadas minorias: mulheres, indígenas, população negra e LGBT, e isso vem numa onda crescente, reafirmada pelo fascismo, que criou a falácia da ideologia de gênero, que polariza a sociedade e nos coloca, nós LGBT, no lugar de pervertidos, pecadores e destruidores da família tradicional.

Estamos vivendo no mundo uma crise devastadora do capitalismo. Alguns países resistem ao neoliberalismo, mas grande parte do globo terrestre vem sendo atropelada pela corrida imperialista capitaneada pelos EUA, que defende uma política econômica internacional que garanta a manutenção dos privilégios dos grandes grupos econômicos e reafirma a ideia de estado mínimo, jogando – nas costas da classe trabalhadora – a responsabilidade e o pagamento da conta. Na América Latina e no Brasil não é diferente. O golpe liderado pela mídia golpista e legitimado pelo judiciário e parlamento, que não representam e nem dialogam com as necessidades e diversidade da população brasileira, é acima de tudo um golpe na democracia, nos direitos humanos e nas políticas sociais e retoma um projeto neoliberal, ao qual o Brasil foi vítima nos anos 90, com os governos de Fernando Henrique Cardoso. Esse golpe vem aprofundando um quadro de violência e miserabilidade da classe trabalhadora deste país, e, lamentavelmente, os segmentos sociais mais atingidos com esse processo são as mulheres, a juventude negra, os povos tradicionais e a população LGBT. E não podemos esquecer que, nesses segmentos, temos pessoas que ainda sequer acessam à educação e muito menos ao mundo formal do trabalho, como é o caso das pessoas travestis e transexuais.

O Brasil é o país líder em assassinatos contra a juventude, principalmente pretas e pretos, contra pessoas LGBT, pois de acordo com as pesquisas de organizações não-governamentais, a cada 25 horas, em média, uma pessoa LGBT brasileira é assassinada, e contra a população transexual, cuja média de vida é de apenas 35 anos, sendo que a média na população em geral é de 70 anos, ou seja, travestis, mulheres transexuais e homens trans vivem a metade da estimativa de vida da população em geral. O Brasil condena essas pessoas a serem cidadãs e cidadãos pela metade, e o que assistimos diante do golpe e do governo golpista foi o congelamento dos recursos para os direitos humanos e as políticas sociais. Um governo que fica refém de grupos fundamentalistas que perseguem minorias, pregam o ódio e legitimam a violência não tem condições de governar um país com tamanha desigualdade, e um projeto que não foi escolhido pelo povo não pode promover reformas tão importantes para o futuro do nosso país, como as reformas política, trabalhista, previdenciária e da educação. Queremos o fim dos lgbtcídios e a garantia da equidade de direitos!

Hoje é sim o dia do nosso orgulho de ser LGBT, orgulho de existir e resistir, mas acima de tudo orgulho de estar na luta pelo futuro do nosso país e do nosso povo. Exigimos a retomada do estado democrático de direito, reafirmamos a nossa luta contra os retrocessos, por nenhum direito a menos. Estaremos sim, na greve geral do dia 30, reafirmando nosso compromisso com a democracia, e queremos um projeto político para nosso país que construa um processo civilizatório que valorize e promova o respeito à diversidade, que compreenda a sexualidade e as diferentes identidades de gênero como dimensões da nossa cidadania, que contemple a pluralidade de ideias e experiências humanas, que sigamos respeitando e cumprindo as resoluções internacionais das quais o Brasil é signatário como Yogykarta e Durban, e exigimos o direito à fé e à democracia, ou seja, o Estado laico, um Estado sem a interferência da religião, mas assegurando a liberdade religiosa.

No Dia Internacional do Orgulho LGBT, nós, brasileiras e brasileiros, queremos o direito e a liberdade de amar, FORA TEMER, DIRETAS JÁ e soberania popular!!!

*Andrey Roosewelt Chagas Lemos e Silvia Cavalleire são respectivamente presidente e vice-presidenta da União Nacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais – UNALGBT