“A economia brasileira precisa de um PROFUT”, diz Belluzzo 

O professor Luiz Gonzaga Belluzzo, um dos principais estudiosos das ciências econômicas do Brasil, foi um dos debatedores da crise econômica, em um evento promovido pelo mandato do deputado federal Davidson Magalhães (PCdoB-BA), nesta sexta-feira (07/07), em Salvador. Na ocasião, o economista, que também foi presidente do clube Palmeiras, defendeu que a economia nacional precisa de um programa de modernização e responsabilidade fiscal, como o feito no futebol.

Belluzzo e Davidson Magalhães

Com a experiência em gestão desportiva, Belluzzo foi um dos principais articuladores do PROFUT (Programa de Modernização da Gestão e de Responsabilidade Fiscal do Futebol Brasileiro), criado em 2015, durante o segundo governo da presidenta Dilma Rousseff. O programa estabelece, entre outras questões, princípios e práticas de responsabilidade fiscal e financeira, e de gestão transparente e democrática para entidades desportivas profissionais de futebol.

“A economia do Brasil precisa de uma ideia nova para renovar suas forças. Essa ideia nova não vai surgir da cabeça de nenhum gênio. Vai surgir do nosso debate, do concurso das inteligências brasileiras”, defendeu o economista, que é professor da Unicamp. Uma das ideias para tirar “a economia do buraco”, segundo ele, seria mexer nas reservas que o país possui para garantir o investimento em áreas estratégicas de desenvolvimento.

Para Belluzzo, é preciso inverter a lógica dos cortes para a dos gastos, principalmente, com infraestrutura. “Eu tenho uma sugestão, mas é preciso um pouco de coragem. Nós precisamos pegar uma parte das reservas que nós temos e colocar em um fundo para os gastos com infraestrutura”. O economista, que foi consultor pessoal do ex-presidente Lula, ainda criticou a visão econômica do governo de Michel Temer, baseada, justamente, em corte de gastos como meio de enfrentar a crise.

Pautas como limite dos gastos públicos e reformas trabalhista e previdenciária, defendidas pelo governo Temer, são ultrapassadas, para ele. “Precisamos vencer o pensamento único, que está reinando no Brasil, hoje, que acha que nós vamos estabilizar a economia cortando gastos. Quanto mais se ajusta, mais se desajusta. Isso não é economia doméstica, é economia macro. O que um gasta é o que o outro recebe. Se todo mundo corta o gasto, ninguém recebe nada”, explicou o economista.

Sobre o pensamento de que se enfrenta crise cortando gastos, Belluzzo ainda fez um paralelo entre economia e direito, e ironizou o Judiciário. “As maiores resistências que nós encontramos é nas convicções humanas, é na incapacidade de criticar aquilo que você pensa e de abandonar aquilo que você pensa. Quando ouço um sujeito falar em convicções, fico preocupado, tanto na área econômica, quanto na área jurídica. Deve-se julgar de acordo com as provas, com a lei. Isso é uma coisa religiosa”, defendeu.

No debate, também estiveram o presidente nacional da CTB, Adilson Araújo; a nova presidenta da UNE, Marianna Dias; o ex-governador da Bahia e agora secretário de Desenvolvimento Econômico, Jaques Wagner; o presidente do Corecon, Gustavo Pessoti. Além de Davidson Magalhães, os outros dois deputados federais do PCdoB, Alice Portugal e Daniel Almeida, também integraram a mesa de debates.


Seminário reuniu economistas, parlamentares, gestores públicos, empresários e trabalhadores