Arruda Bastos: O aumento de impostos e a desmoralização do Pato

“O Pato da FIESP é uma farsa. A sua verdadeira intenção era de surrupiar os direitos adquiridos dos trabalhadores através da malfazeja reforma trabalhista e da lei da terceirização. Nem mesmo o combate à corrupção ou o congelamento de impostos era verdadeiro”.

Por *Arruda Bastos

pato da fiesp - Débora Melo/CartaCapital

O recente aumento de impostos editado em decreto pelo ilegítimo Temer foi a gota d’água que faltava para a desmoralização definitiva de uma campanha infame patrocinada pela impatriótica Federação das Indústrias de São Paulo (FIESP) que tinha como única finalidade destituir a presidenta Dilma com a falácia do não aumento de impostos e combate à corrupção.

O Pato já vem se desmoralizando desde os primeiros dias da implantação da política econômica rentista de Temer e Meireles. Os números são evidentes e contra eles não se tem argumentos. O desemprego continua em alta, a renda do trabalhador em queda, a produção de bens e serviços estagnada, o crescimento patinando no mesmo lugar e o povo sofrido continua a pagar o pato.

O combate à corrupção também era uma das metas da campanha milionária do belo espécime da FIESP. O pato pousava de honesto e bradava contra todo tipo de dilapidação do dinheiro público. Como constatamos, era tudo uma enganação, pois o próprio presidente da instituição patrocinadora do pato foi pego no recebimento de dinheiro sujo e de caixa dois na sua campanha ao governo de São Paulo.

O governo Temer, desde o seu nascedouro, demonstrou ser composto por uma corja de Ministros corruptos, delatados pela Lava Jato, investigados pela Justiça e muito mais. O próprio Presidente foi pego em gravação de Joesley Batista negociando vantagens e indicando interlocutor para receber mala de dinheiro como depois ficou demonstrado pelas investigações e no pedido do seu afastamento pelo Procurador Geral da República.

O Pato da FIESP é uma farsa. A sua verdadeira intenção era de surrupiar os direitos adquiridos dos trabalhadores através da malfazeja reforma trabalhista e da lei da terceirização. Nem mesmo o combate à corrupção ou o congelamento de impostos era verdadeiro. A nota da entidade contra o aumento da PIS/COFINS dos combustíveis é uma vergonha. O Pato é um embuste dos tubarões do golpe e da grande mídia.

A desfaçatez do governo Temer é evidente. Há poucos dias, para comprar deputados na Comissão de Ética da Câmara, liberou aos borbotões dinheiro público em emendas parlamentares. O volume de recursos sangrou o já combalido orçamento da União. Agora vem cobrar do povo a conta de tamanha corrupção.

O aumento do imposto sobre combustíveis não é pequeno e pesará enormemente no bolso do trabalhador. O PIS/COFINS da gasolina mais que dobrou, passou de R$ 0,38 para R$ 0,79 por litro. A alta representa R$ 0,41 por cada litro no bolso do pobre consumidor. Também pesa sobre a gasolina a CIDE de R$ 0,10 por litro. Na prática, os brasileiros vão pagar R$ 0,89 de imposto por litro do combustível. A tributação sobre o diesel subirá e ficará em R$ 0,46. Já a tributação sobre o etanol passara de R$ 0,20 por litro.

Hoje o Pato da Fiesp ressurgiu das cinzas. Ele apareceu de cabeça baixa, meio brocha, sem brilho nos olhos, parecendo mais uma galinha com gôgo. Ainda não teve coragem de descer do poleiro na Av. Paulista em São Paulo. Não tem nada programado, está sem agenda e nem tem participação em manifestações e passeatas turbinadas pela Rede Globo, sua Globo News e o restante do PIG. Um Pato rejeitado até mesmo por membros do seu clã golpista.

Agora cabe à sociedade organizada, aos sindicatos, associações, movimentos sociais, políticos e partidos progressistas e ao povo em geral voltar às ruas e exigir o afastamento de Temer e seu grupo corrupto e golpista. Lutar também por diretas já, pelo retorno dos direitos trabalhistas usurpados por um governo ilegítimo e por uma corja de bandidos travestidos de senadores e deputados.

Com o aumento dos impostos, finalmente desmascaramos a FIESP e descobrimos quem é o pato, quem paga o pato e qual é o custo do pato. Paulo Skaf, o seu presidente, deve agora olhar no espelho, chorar e pagar por todo mal que causou à nação. Fora Pato da FIESP e fora Temer.


*Arruda Bastos é médico, professor universitário, membro da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores, radialista e ex-secretário da Saúde do Ceará.


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