Estudo sobre os manifestos dos partidos alemães

Perto das eleições federais alemãs de 24 de setembro, os partidos políticos mostram suas posições sobre o futuro em relação a União Europeia.

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O conselho europeu de relações internacionais (ECFR) fez um estudo comparativo nos manifestos dos partidos e suas posições em relação a União Européia.

São quatro áreas principais- financeira, comercio, segurança e defesa, imigração.

Quase todos os partidos estabelecidos (o Cristão Democrata ‘CDU”, o Social Democrata “SPD”, o Liberal “FDP”, os Verdes e a Esquerda) tem uma posição amplamente pró-europeia mas eles também dão ênfase a reformas. O partido AFD que é eurocético, populista e anti-imigrante quer um retorno da soberania dos estados e considera a saída da Alemanha da União Europeia sob um referendo.

Christel Zunneberg, autor do estudo descobriu que:

“O SPD, o Verde, a Esquerda e o FDP querem mais integração europeia baseada no princípio subsidiário e querem fortalecer a democracia europeia. O CDU de Merkel não quer flexibilizar a integração, nem demanda reformas institucionais para fortalecer o parlamento europeu. No lugar disso, ele quer que a integração europeia possa ser acelerada por um recomeço do motor franco-germânico, usando o momento criado pelo pulso do movimento europeu e revivendo o negligenciado Triangulo de Weimar (fórum criado para promover a cooperação e desenvolver interesses estratégicos entre a Alemanha, a Polónia e França)".

Política financeira e comercial

Os partidos propõem uma grande variedade de reformas concretas para regular os mercados financeiros e estabelecer a Zona Europeia depois da crise.

O CDU tem como objetivo instrumentalizar o poder franco-germânico, “Mekron” (Merkel e Macron) para criar um Fundo Monetário Europeu (EMF) e harmonizar a taxação corporativa com a frança.

O partido de Merkel também quer criar um projeto grande e comum em inteligência artificial.

O pacote de reformas do SPD é o mais ambicioso segundo Zunneberg. Além de um EMF, ele propõe um governo econômico para a zona do euro e um orçamento financeiro comum com o desejo de se aprofundar na união monetária europeia e desenvolver um pacto de estabilidade e crescimento e aceitar mais liberdade para conduzir investimentos de longa duração. O SPD também quer enfrentar a evasão fiscal de companhias multinacionais.

Zunneberg descobriu que o esquema financeiro do FDP é tão extensivo como o SPD mas ele não iguala a segurança financeira com a integração europeia. Ao contrário, ele quer adaptar os tratados e aceitar que países deixem a zona do euro sem deixar a EU e eliminar o mecanismo europeu de estabilidade.

Os Verdes são a favor de maior regulação dos mercados financeiros pelas “regras mais simples mas mais difíceis”. O partido quer um limite de dívida para bancos e um controle de alianças mais rigoroso.

O partido de Esquerda propõe uma agência de classificação pública europeia e uma conferência do deficit europeu para determinar a legitimidade e a sustentabilidade das dívidas nacionais.
O AfD considera que o Euro é um projeto falido, que se tornou muito caro para a Alemanha. Ele quer que o governo alemão comece a criar reservas de ouro e prepare-se para um retorno ao Deutsch Mark (Mercado Alemão).

Sobre o futuro da política comercial da UE, os partidos parecem estar ainda mais distantes, argumentou Zunneberg. O Partido da Esquerda rejeita os acordos de comércio livre, como CETA e TTIP, assim como o AfD que prefere os acordos comerciais multilaterais e prioriza a proteção das empresas alemãs contra relacionamentos legais incertos. O Verdes o SPD e o FDP apoiam condicionalmente tais acordos de livre comércio. A CDU apoia o cumprimento da CETA e a continuação das negociações TTIP.

Política comum de segurança e defesa

Todos os partidos pró-europa são a favor de forças militares integrarem os estados membros. O SPD, FDP e CDU defendem a criação de uma defesa da União Europeia. Schultz, o principal candidato do SPD, é mais ambicioso que Merkel, de acordo com Zunnemberg, ele quer um exército europeu. O SPD, Os Verdes e particularmente os pacifistas da Esquerda enfatizam a dimensão civil da CSDP. A Esquerda rejeita qualquer tipo de militarização na UE.

Zunnemberg descobriu que as atitudes em relação a OTAN são ambivalentes. O SPD, FDP e CDU enfatizam a complementaridade do CSPD europeu e a OTAN, mas a Esquerda quer que a Alemanha saia da OTAN em favor de um sistema de segurança coletivo que inclui a Rússia. O AFD vê a OTAN como uma união puramente para a defesa, mas quer fortalecer a influência europeia na aliança.

A diretriz de dois por cento para os gastos de defesa estabelecidos pela OTAN prova ser também contenciosa. Aqueles que deixaram um espectro político (A Esquerda, Os Verdes e a SPD) rejeitam o aumento dos gastos militares, enquanto o FDP e o CDU prometem aumentar as despesas de defesa para dois por cento do PIB até 2024.

Política de migração

Todos os partidos pró UE sublinham a responsabilidade conjunta de todos os Estados membros quanto a aceitarem refugiados. No entanto, Zunneberg argumentou que apresentam diferentes graus de satisfação com os três pilares do sistema de migração da UE.

Ele descobriu que todos os partidos exceto o CDU pedem uma revisão do sistema de Dublin para melhorar a distribuição entre os estados membros. O SPD vai além, imaginando uma abordagem mais forte para os Estados membros que se recusam a cuidar de seus próprios refugiados. O AFD é a favor de fechar as fronteiras e rejeitar os que precisam de ajuda. É contra a unificação da família, dupla nacionalidade e argumenta que o Islamismo não pertence a Alemanha.

O SPD, CDU e FDP estão unidos para fortalecer a fronteira, e a agencia de guarda costeira. O FDP é claro sobre o que quer: uma fronteira verdadeira sob a supervisão do Parlamento Europeu. No espectro político, o Partido de Esquerda quer abolir a agencia e reintegrar um resgate marítimo coordenado pela UE.

O acordo entre a UE- Turquia pode causar fricção em qualquer da nova coalizão governamental: enquanto os Verdes chamam isso de problemático, e a Esquerda quer desfaze-lo, a CDU quer fechar acordos similares com outros países do norte da África. O SPD e o FDP não abordam o acordo em seus manifestos.