Nádia Campeão afirma que gestão de Doria consolida frustração

Em artigo publicado nesta quarta-feira (13), no jornal Folha de S.Paulo, Nádia Campeão afirma que a política de João Doria (PSDB) na Prefeitura de São Paulo enfoca e prioriza as diferenças entre a atual gestão e a anterior – comandada por Fernando Haddad – como tentativa de marketing. Mas, os resultados – desse fim do primeiro ano de mandato – são ações obsoletas que instauram a frustração na cidade.

Nádia

Em resposta ao texto do atual secretário da Fazenda da Prefeitura de São Paulo, Caio Megale –publicado no dia anterior (12) no mesmo veículo – a ex vice-prefeita de São Paulo e ex-secretária de Educação na gestão Haddad publicou artigo nesta quarta.

De acordo com Nádia, “[o secretário] faz considerações sobre o que vê como problemas fiscais da gestão anterior e destaca pontos positivos da atual gestão fiscal”.

Entre as afirmações do secretário, destacaram-se as críticas em relação ao aumento das despesas com saúde e educação durante a gestão Haddad por conta de reajustes de convênios e de reajustes a servidores como professores, médicos e enfermeiros, etc; à falta de direcionamento de gastos com serviços de coleta e varrição e da “tímida” reforma da Previdência enviada ao Legislativo. Por fim, Megale argumenta que houve a “concessão pouco criteriosa de benefícios aos estudantes no transporte público”.

Nádia rebate com consistência os argumentos acima e afirma que é imperioso comparar as duas gestões. Sobre a saúde e educação, ela reafirma que houve a priorização desses setores na administração Haddad, bem como dos profissionais da área, o que não acontece com a gestão Doria.

Já no que tange às críticas sobre as contas da cidade, a ex-secretária argumenta que Megale enfatizou no texto que a gestão Doria renegociou contratos que geraram economia de R$ 360 milhões. Mas, que ele omite o fato de que em 2013, a prefeitura Haddad também realizou renegociações, essas que chegaram a uma economia de cerca de R$ 1 bilhão, ou seja, valor quase três vezes mais do que a atual.

Além disso, Nádia escreve que, em nenhum momento, o secretário aponta a mudança estrutural dessas renegociações na gestão. Em contrapartida, Megale cita três ações na área tributária como tentativa de provar as grandes marcas da gestão Doria.

As práticas incluem: intensificação da fiscalização (presencial), nota do milhão (sorteio) e programa de parcelamento incentivado (anistia tributária).

Nádia então rebate: “Ora, nós reformamos a legislação do ISS, IPTU e ITBI, além de implantar dezenas de sistemas de TI (tecnologia da informação) para otimização da área tributária. Enquanto as administrações modernas discutem novas orientações, serviços, modelos de autorregulação na área tributária e introdução de inteligência artificial para reduzir burocracia e custos, as ações citadas por Megale são sabidamente obsoletas”.

Com relação a reforma da Previdência, ela afirma:

“Megale conclui que a enviada pela gestão anterior era tímida e que agora farão uma reforma estrutural. Qual seria essa proposta e quando será enviada ao Legislativo? Em que ela difere? Fala em redução de 31% dos cargos em comissão, mas não menciona que ao mesmo tempo expandiram os serviços de consultoria da Prefeitura em 14 vezes. Afirma que o problema do transporte público são os benefícios e não a decisão do congelamento de tarifa implantado pela atual gestão”.

Conforme ressalta Nádia, o atual prefeito apaga as conquistas da gestão Haddad. Ele esquece de dizer que houve a redução da dívida do município para o menor patamar das últimas décadas, a entrega das finanças com superávit financeiro, o cumprimento dos limites da Lei de Responsabilidade Fiscal; o avanço em reformas estruturais na área tributária; os recordes de investimentos ao conquistar primeira vez o grau de investimento (Fitch Rating); e, por fim, o aumento o investimento na área social.

Diante dessa análise, a ex-secretária finaliza:

“Enquanto isso, aproximando-se do fim do primeiro ano de mandato, consolida-se a frustração com uma gestão que se propôs a trazer para o setor público as melhores práticas do setor privado. A realidade, contudo, é mais complexa que o marketing. Até o momento, chamam atenção a ausência de ações estruturais e, nas ações conjunturais, pouca expressividade e inovação”.

Ou seja, em 9 meses de gestão, Doria supervaloriza as divergências entre as administrações, tentando rebaixar o governo Haddad ao destacar as inovações de suas medidas para a cidade. Mas, a verdade é que essas ações permanecem apenas no imaginário do eleitor e dos paulistanos, já que são medidas são paliativas ou abstratas apenas com objetivo de marketing.