Encontro denuncia riscos para jornalistas mexicanos

O México é considerado um dos países mais perigosos para o exercício da profissão. Em maio, quando foi assassinado Javier Valdez, contabilizavam-se mais de cem jornalistas mortos desde o ano 2000. A situação foi debatida num encontro na Cidade do México.

Jornalistas assassinados no México - Efe

O jornalismo mexicano enfrenta hoje graves riscos, em grande medida decorrentes da sua exposição à ação do crime organizado e da incapacidade das autoridades para defender os profissionais da imprensa.

Esta foi uma das principais conclusões dos participantes no encontro de jornalistas #NoEstánSolos, organizado esta sexta-feira (13) no contexto da 17 Feira Internacional do Livro do Zócalo, que, tendo aberto as portas no dia 12, acontece na capital do país até dia 22.

Em uma das mesas, intitulada "Encarando o futuro" e moderada pela repórter do La Jornada, Blanche Petrich, participou Griselda Triana, viúva de Javier Valdez, correspondente do La Jornada e fundador do semanário Ríodoce, no estado de Sinaloa, onde foi assassinado no dia 15 de maio.

Triana falou sobre o que classificou como "solidão e fragilidade", as condições em que têm de trabalhar os repórteres fora da Cidade do México. Para a viúva de Valdez, que foi autor de várias reportagens e obras centradas no narcotráfico, no crime organizado e nas suas ligações ao poder político e econômico, "o panorama é desolador".

Na mesma mesa participou a jornalista Karla Janeth, do El Heraldo de León, que foi agredida e ameaçada de morte por ordem do presidente da Câmara de Silao, no estado de Guanajuato, segundo denunciou na ocasião.

Outra das conclusões do encontro foi a de que os profissionais da imprensa também são vítimas de pressões e agressões por parte das autoridades, nos diferentes níveis de governo, que é cúmplice do crime organizado e de outros interesses.