UNALGBT: Dois anos fortalecendo a luta LGBT e contra o retrocesso

Ao completar dois anos de fundação nesta segunda-feira (16), a União Nacional LGBT (UNALGBT) se defronta com o Brasil ostentando o título de país que mais assassina lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT) no mundo. As estatísticas que aumentam a cada ano (123 mortes em 2015, 144 mortes em 2016) mantém em 2017 a tendência de alta: Em relação ao ano passado os números de mortes de LGBT subiram 18% no primeiro quadrimestre.

Por Railídia Carvalho

União Nacional LGBT - UNALGBT/ reprodução facebook

Criada como reação à onda conservadora, a UNALGBT vem se fortalecendo contra essa ofensiva, legitimada pelo golpe de 2016 que destituiu a presidenta eleita Dilma Rousseff.

Retrocesso

Durante a XIV Edição do Seminário LGBT do Congresso Nacional Transição Cidadã: Nossas Vidas Importam, realizado em junho deste ano, o presidente da UNALGBT, Andrey Lemos (foto), reiterou que o atual governo de Michel Temer é um retrocesso para as demandas sociais.

“O golpe é contra os direitos humanos, contra as mulheres, contra a população preta e contra a população LGBT, contra as políticas sociais e contra, principalmente, o projeto que vinha em curso de enfrentamento às desigualdades”, declarou o ativista.

“As políticas afirmativas são muito importantes para nós mas para além disso precisamos de um Estado que se responsabilize pelos direitos garantidos na nossa Constituição cidadã e que seja responsabilizado pela violência que ceifa as vidas das pessoas LGBTs a cada 28 horas nesse país”.

Andrey citou como exemplo de retrocesso a retirada pelo Ministério da Educação (MEC) dos termos identidade de gênero e orientação sexual da base nacional curricular comum. “É mais uma estratégica de invisibilizar a luta, o nosso segmento e pregar o ódio, a intolerância e o desrespeito às diferentes expressões de humanidade”.

Luta política

Naquela ocasião, o presidente da UNALGBT também reiterou o compromisso da entidade com a luta política. “Nós, da UNA, temos grande preocupação com esse espaço que é a política porque a onda fascista, que cresce todos os dias no nosso país e quer fazer com que as pessoas, principalmente as chamadas minorias, criem aversão à política. É uma estratégia para invisibilizar nossas demandas e necessidades”.

A UNALGBT foi formalmente constituída em cerimônia realizada na Assembleia Legislativa de São Paulo em 16 de outubro de 2015 com o apoio. Na ocasião, agregava lideranças entre a juventude, movimento negro e mulheres.

Dar visibilidade à luta LGBT é uma das bandeiras da entidade ao lado da criminalização da homofobia, luta pela conquista do nome social em todo o país e o combate ao Estatuto da Família. Como princípio norteador, a UNALGBT traz o debate para um novo modelo de sociedade.

“Embora sejamos uma entidade LGBT, a ideia é que a luta ultrapasse as questões de gênero e orientação sexual e se norteie pela transformação social. Queremos discutir democracia, justiça, cidadania. Lutamos por uma sociedade livre, igualitária, justa e menos preconceituosa. Não dá para pensar em uma sociedade em que as pessoas possam usar seu nome social, mas não tenham emprego, por exemplo”, explicou Andrey Lemos na ocasião da criação da entidade.

Reconstruir o Brasil

No dia 10 de outubro a UNALGBT fez uma postagem agradecendo o retorno positivo nas redes sociais com a obtenção de seis mil likes na página da entidade no facebook.

“A União Nacional LGBT foi fundada em outubro de 2015 e, nesses últimos 24 meses, vêm se pautando no empoderamento de mulheres Lésbicas, bissexuais, transexuais, travestis, homens gays, bissexuais e transgêneros com o fortalecimento da mobilização e da luta contra os retrocessos. Nossa rede vêm crescendo e ocupando as cidades, ruas e redes sociais para a defesa da igualdade de oportunidades e das liberdades individuais e coletivas de amar, ser e existir. Alcançar 6 mil 'likes' simboliza força e coerência mas sobretudo que a UNALGBT veio na hora certa para ajudar a reconstruir o Brasil”.

Carta da Diversidade

No início de outubro, integrantes do movimento LGBT entregaram na Câmara dos Deputados a Carta da Diversidade, documento que defende a aprovação de projetos que garantam a plena cidadania, sem discriminação, beneficiando mulheres, negros, trabalhadores, além da população LGBTI. A iniciativa tem o apoio de 15 partidos (PCdoB, PDT, PMDB, DEM, PP, PPS, Podemos, PSB, PSD, PSDB, PSOL, PT, PTB, PV e Rede Sustentabilidade).

“É fundamental nos unirmos neste momento político do país em que o fascismo avança. Temos de promover o respeito à diversidade. A identidade de gênero é expressão da humanidade e precisa ser respeitada. Parlamentares de direita e de esquerda estão juntos defendendo direitos e a democracia”, destacou na Andrey Lemos que participou da reunião na Câmara.