Moniz: Moro e procuradores querem papel de heróis de Hollywood

Em entrevista concedida ao jornal A Tarde, o cientista político Luiz Alberto Moniz Bandeira aponta a espetacularização midiática do processo da Lava Jato que ele classifica como "uma ópera para o entretenimento do povo".

Moniz Bandeira

"A Operação Lava Jato é uma ópera para o entretenimento do povo, e na qual o juiz Sérgio Moro e diversos procuradores da República parecem esperar contrato para papel de heróis de Hollywood", afirma.

Para ele, o problema do pais não é só a corrupção, que "é inerente à república presidencialista, com o financiamento eleitoral, distribuição política de cargos", mas a entrega do patrimônio nacional.

"Entrementes, o presidente de fato, Michel Temer, entrega o patrimônio nacional aos estrangeiros em termos de sell off, como promoção. E a situação econômica e política cada vez mais se complica", enfatizou.

E segue: "Investimentos estrangeiros não afluem para países em recessão, a não ser para comprar os ativos existentes a baixo custo. Assim, todas as condições apontam para uma intervenção militar. Mas as Forças Armadas até hoje sofrem o desgaste do golpe de 1964 e da ditadura que impôs, e o Alto Comando está dividido. E daí que não desejam entrar em uma aventura. Todos sabem como um golpe inicia, mas não como pode terminar".

Moniz Bandeira também falou sobre os 100 anos da Revolução Russa que, de acordo com ele, deixou legados que até hoje repercutem em todo o mundo.

"O temor de que ela se espraiasse levou o presidente Woodrow Wilson [EUA, 1913 a 1921] a inserir no Tratado de Versailles um capítulo sobre os direitos sociais, obrigatório para todos os signatários, o que reforçou a conquista das reivindicações pelas quais o proletariado do Ocidente havia tempo lutava. No Brasil, adensou a eclosão das greves ocorridas entre 1917 e 1919 em quase todos os Estados, o que resultou na legislação trabalhista, que atualmente o empresariado industrial e banqueiros tratam de derrogar", afirmou.