PCdoB participa da Caravana do Lula por Minas Gerais

  O PCdoB participou do início da Caravana do Lula por Minas Gerais. Durante a próxima semana, ela vai percorrer os vales do Aço, Rio Doce, Jequitinhonha, Mucuri, além do Norte de Minas e Belo Horizonte. Representaram o PCdoB no ato de abertura, na Praça dos Três Poderes de Ipatinga, a deputada federal Jô Moraes, o deputado estadual Celinho do Sinttrocel, que é da região, e o presidente do Partido, Wadson Ribeiro, que no seu discurso falou da importância da Caravana para a retomada da democracia.

Wadson

Wadson também citou as reformas implementadas hoje no país e disse que elas não levariam o grupo que hoje está `a frente do Palácio do Planalto ao poder. “Eles tiveram que mentir, perderam quatro eleições seguidas e só chegaram lá através de um golpe. Mas o povo mineiro e o povo brasileiro são bem mais fortes que os vários golpes que já se sucederam no Brasil.” Wadson, que também é secretário do Estado, afirmou ter a certeza que essa caravana vai reescrever a história do Brasil. “E que o PCdoB junto com outros partidos e os movimentos sociais querem construir um novo tempo no país”.

Jô Moraes disse que aqueles que estavam participando da caravana não estavam ali só por Lula, mas também pra protestar contra o governo Temer, pois estão sofrendo com os golpes que são dados todos os dias. "E caravana reforça a luta por mudanças no país. E representa a esperança de retomarmos a democracia". 

Durante uma semana, Lula lidera uma comitiva com centenas de militantes que irão seguir o mesmo ritual que os levou a visitar as cidades do Nordeste no mês passado. A praça onde aconteceu o encontro de abertura já contou várias vezes com a presença de Lula, que afirmou conhecer mais a região que irá percorrer “do que muito político mineiro”. E foi tirando da memória episódios que viveu em Minas e que ajudaram a construir a sua história política. Lembrou das vezes que esteve não só em Ipatinga, cidade que o PT já governou quatro vezes, mas fez questão de citar cada um dos municípios que fazem parte da região.

Lula usou o exemplo da principal fábrica da cidade para denunciar a crise econômica que o país enfrenta “quantos empregos a Usiminas gerava e quantos empregos hoje está gerando? Quanto de aumento de salário, os trabalhadores recebiam e quanto estão recebendo? Qual a expectativa da juventude brasileira há cinco anos atrás e qual o pesadelo da juventude brasileira nos dias de hoje com o governo golpista?”.

Comparação 

Fazer a comparação entre os dois períodos seria um dos motivos da caravana. “Para que a gente possa fazer uma espécie de medição do que era o Brasil há pouco tempo e o que está virando o Brasil hoje”. Lula disse que gosta de viajar para não conhecer o Brasil apenas pelo mapa, “o mapa não tem alma, o mapa não tem coração. Eu quero saber, do povo de Minas Gerais como ele é e como ele vive”. Após enumerar medidas tomadas pelo governo Temer contra os trabalhadores, o ex-presidente voltou a defender uma espécie de plebiscito revogatório. “A gente tem que pedir a autorização do povo para gente mudar o que eles fizeram, senão, a gente não consegue governar esse país”.

Segundo a Polícia Militar, quatro mil pessoas estiveram na Praça dos Três Poderes para inaugurar a Caravana por Minas. A organização não estimou a presença de público. Entre os presentes, um casal destoava dos militantes com suas camisas vermelhas. Ressabiados, Zilda Marcelina de 73 anos e José Dias Gomes de 76 ficaram sabendo da Caravana e foram exclusivamente para ver Lula “porquê a gente gosta demais dele”, explicou o marido. Mais falante, Zilda começou a comparar Lula com Temer, mesmo sem querer pronunciar “o nome daquele desgraçado”. Ela conta que sempre votou em Lula e Dilma, mas nunca participou “de comício como este”. Agora diz que vai participar mais, “até tirar aquele corrupto que está lá e colocar o Lula”.

Em cima do palco, a presença de políticos de fora do PT expressou a situação atual da conjuntura política mineira. Fernando Pimentel tem conseguido manter o apoio de muitos partidos e conta com o apoio decisivo do presidente da Assembleia Legislativa, o peemedebista Adalclever Lopes, que disse ter ido ao ato “carregar Lula no peito, porque ele mudou a condição social do país e deste estado”. O parlamentar discursou ao lado do governador, que disse ter o sentimento de alegria em ter Lula presente no seu estado, “Minas é sua casa e é grata por tudo que o senhor fez ao país”.

E realmente o ex-presidente tem razões para ter Minas como sua casa. O PT ganhou as últimas eleições presidenciais por aqui, inclusive contra o mineiro Aécio Neves. Além disso, governa o estado após destronar uma sequência de governos do PSDB. fato lembrado pela presidenta da Cut Minas Gerais, Beatriz Cerqueira, “Foi aqui em Minas que o projeto do PSDB foi derrotado em 2014”.

O discurso mais duro contra o governo Temer partiu da ex-presidenta Dilma, que concentrou suas críticas `as ameaças contra a soberania nacional. “Na próxima sexta-feira eles vão pela primeira vez vender poços de petróleo sem a presença obrigatória da Petrobras, porque eles chegaram no poder e acabaram com várias coisas”. Além da vendas dos poços, Dilma atacou também a política de conteúdo local, “que era para garantir empregos de qualidade no Brasil e não exportar estes empregos”. A política territorial também foi criticada “Mas eles não pararam aí. Eles também abriram a possibilidade de vender as nossas terras férteis para estrangeiros. É por isso que esse golpe foi dado”.

Nem só os apoiadores de Lula mobilizaram na tarde de segunda em Ipatinga. Após uma barulhenta convocação nos últimos dias, seguidores do deputado Jair Bolsonaro reuniram cerca de 25 pessoas em volta de um carro de som a poucos metros onde acontecia a concentração petista. Além deles, um helicóptero sobrevoava a multidão com um adesivo na parte de baixo onde se lia “Lava-jato”. Mesmo sem citar os ativistas da direita, Lula afirmou não ter medo de protestos contra ele. “Eu sou pernambucano, nascido em Garanhuns, filho de pai e mãe analfabetos, eu fui conhecer pão com 7 anos, vocês acham que um cara que não morreu de fome até os cinco anos tem medo de algum provocador aqui em Ipatinga?”

Nesta terça-feira Lula segue para o Vale do Rio Doce, onde vai visitar na cidade de Governador Valadares um viveiro de mudas do MST. Vai também ver a Bacia do Rio que dá nome `a região e foi atingido há dois anos pela lama despejada nas barragens da empresa Samarco/Vale. De lá, vai para o Vale do Mucuri, que também tem este nome para homenagear um importante rio que corta as cidades da região. Em Teófilo Otoni, visita a Universidade Federal do Jequitinhonha e Mucuri, criada durante seu mandato. No início da noite, realiza um ato público em defesa da educação na Praça Tiradentes.