Crise da saúde no município do Rio deixa unidades sem medicamentos

Medicamentos e insumos básicos estão em falta na rede municipal de saúde do Rio de Janeiro.

SUS - Marcello Casal Jr./Agência Brasil

Sem medicamentos, insumos básicos e salários atrasados. Esta é a realidade dos profissionais da saúde que trabalham nas 227 unidades de Atenção Primária da Prefeitura do Rio de Janeiro, o que inclui clínicas da família e postos de saúde. O quadro que ocorre no município se integra a situação de calamidade pública que já ocorria no setor estadual da saúde.

No último dia 26, o Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro declarou, por meio de nota, que a categoria entraria em greve. A paralisação foi decidida após uma assembleia que reuniu 240 trabalhadores que votaram de forma unânime.

Renato Santos é médico de família da rede municipal e organiza o movimento Rede de Médicos e Médicas Populares. Em entrevista à Radioagência Brasil de Fato, Santos explicou que a situação na rede municipal de saúde piorou a partir de agosto e que, apesar da Prefeitura ter recuado em algumas medidas, como o fechamento das clinicas da família, o quadro se agravou.

“Desde agosto começou uma situação mais complexa quando a Prefeitura anunciou, de forma não oficial, que fecharia 11 clinicas numa região aqui no Rio e isso repercutiu de forma bem negativa e também foi um sinal de alerta sobre o que vem a ser a situação atual da saúde no município do Rio. Teve uma forte mobilização dos trabalhadores, houve uma mobilização que vem a ser denominada "Nenhum serviço de saúde a menos". Porém, apesar da Prefeitura recuar na proposta, os atrasos pioraram e nós estamos numa situação em que 80% das medicações e insumos para as clínicas da família estão em falta”, explicou.

Os profissionais da saúde têm tentado driblar a precariedade de funcionamento das unidades para atender os pacientes. Valeska Antunes é médica de família e comunidade e há seis anos atua em uma das sete equipes que atendem especificamente pessoas em situação de rua na cidade. Segundo ela, nesses casos o quadro é de desespero.

“Se estamos com 17% de abastecimento nas farmácias e essas pessoas estão em situação de rua, você imagina o que acontece quando tem uma medicação para passar. Eles não têm condição de ter outra opção”, destaca.

A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Saúde do Município para saber quais medidas estão sendo tomadas para regularizar o abastecimento de medicamentos e também os salários atrasados dos profissionais. A assessoria de imprensa informou que foi aberto um crédito suplementar no valor de R$ 25.716.802,97, que já está sendo utilizado para a compra de material e remédios para as unidades. Com relação aos salários, a assessoria afirmou que R$ 36,4 milhões estão sendo repassados para as Organizações Sociais para regularizar os vencimentos atrasados.

Nesta sexta-feira (10), os profissionais da saúde terão uma reunião com a Secretaria de Saúde e, simultaneamente, realizarão um ato em frente à Prefeitura a partir de uma da tarde. Depois do ato, os trabalhadores seguem para integrar a manifestação do Dia Nacional de Protestos que ocorre a partir das 4 da tarde na Igreja da Candelária, no Centro.