Mnangagwa assume a presidência interina do Zimbábue

Antigo vice-presidente do país africano é tido como um dos mentores do movimento que conduziu à destituição de Robert Mugabe e deve assumir a presidência até às eleições marcadas para 2018

Emmerson Mnangagwa

Antigo combatente contra o colonialismo e o governo da minoria branca que dominou a Rodésia do Sul até 1979, Emmerson Mnangagwa esteve ligado aos serviços de segurança e foi vice-presidente do Zimbábue até ser demitido, a 6 de Novembro, pelo então chefe de Estado, Robert Mugabe, que o acusou de "deslealdade e falta de respeito", segundo revelou o ministro da Informação, Simon Khaya Moyo.

Mnangagwa regressou na quarta-feira (22) da África do Sul, onde estava exilado, e na quinta-feira (23) assumiu interinamente as funções presidenciais, até às eleições agendadas para 2018. O regresso de Emmerson Mnangagwa, com 75 anos e um quadro respeitado no seio das forças armadas e da União Nacional Africana do Zimbabwe – Frente Patriótica (ZANU-PF), segue-se à renúncia de Robert Mugabe, na terça-feira (21).

Numa missiva enviada ao Parlamento, Mugabe sublinha que a decisão de abandonar a presidência da República foi "voluntária", segundo revela a imprensa, embora tenha sido expulso da liderança da ZANU-PF, após a tomada do poder pelo exército, no dia 15.

Liderados pelo general Constatino Chiwenga, os militares decidiram "intervir" na sequência da demissão de Emmerson Mnangagwa da vice-presidência do país, mas deixando claro que a sua ação não era um "golpe de Estado" ou "contra o presidente Mugabe", apesar deste ter sido mantido em prisão domiciliária.

Os militares acusaram a mulher do presidente, Grace Mugabe, de empreender manobras para conseguir ser nomeada vice-presidente e, assim, chegar à chefia do estado, tendo afirmado que a sua acção se dirigia contra "forças criminosas" da esfera presidencial e contra aqueles que apoiam as ambições políticas de Grace Mugabe.

A intervenção dos militares foi apoiada nas ruas por milhares de pessoas, indica a TeleSur, e, por decisão do Comité Central da ZANU-PF, a mulher de Mugabe foi também expulsa do partido.

Em nome da ZANU-PF, Simon Khaya Moyo agradeceu a Mugabe por ter se demitido da presidência do país, mas fazendo questão de sublinhar tudo o que ele fez pela libertação do Zimbábue e, depois da independência, como primeiro-ministro e presidente. "Ele merece descansar", disse.

Robert Mugabe, de 93 anos, esteve à frente dos destinos do Zimbábue durante quase 40 anos – desde 1980 como primeiro-ministro e, de 1987 até semana passada, como presidente da República.

É encarado como um dos heróis da luta de libertação dos povos africanos contra o colonialismo e o imperialismo britânicos, e como um dos principais construtores da independência do Zimbábue, tendo passado uma década na cadeia, entre os anos 60 e 70, e liderado a luta de guerrilha contra o regime colonial e racista da Rodésia do Sul, entre 1975 e 1979.