Evo denuncia tentativas constantes de intervenção dos EUA na Bolívia

O presidente boliviano, Evo Morales, denunciou hoje as constantes tentativas de intervenção política por parte dos Estados Unidos nos assuntos internos da Bolívia

Evo Morales - AFP

Durante a entrega de uma unidade educativa técnico-humanística no departamento de Cochabamba, o mandatário referiu-se às declarações do governo norte-americano sobre a sentença do Tribunal Constitucional Plurinacional (TCP) a favor do recurso que permite a candidatura de autoridades nacionais às eleições de 2019.

"Os EUA insistiram que eu renunciasse à candidatura para um quarto mandato em 2019 e isso é outra intromissão nas nossas políticas. Diante dessa petição, agora estou mais decidido a me apresentar às eleições dentro de dois anos", reafirmou Morales.

Além disso, reforçou que o governo de Donald Trump não pode pensar que voltará a dominar nem política, nem economicamente a Bolívia.

Nesta terça-feira, a Sala Plena do TCP declarou procedente o recurso abstrato de inconstitucionalidade apresentado pelo Movimento ao Socialismo (MAS) para uma nova candidatura para as eleições gerais de finais de 2019; e as eleições de meados de 2020, do presidente, vice-presidente, 154 legisladores, nove governadores, 339 prefeitos e 3.500 vereadores e conselheiros.

Diante dessa sentença, o Departamento de Estado dos EUA expressou num comunicado que: "está profundamente preocupado pela sentença do Tribunal Constitucional de Bolívia de declarar inaplicáveis as provisões da Constituição desse país que proíbem aos cargos eleitos, incluído o presidente, servir mais de dois mandatos consecutivos".

Como resposta a essa declaração intervencionista, o presidente Evo reforçou que a sentença do Tribunal garante a continuidade da democracia, soberania e dignidade.

Ademais, recordou que, nos últimos 11 anos, a nação andino-amazônica se libertou da ingerência estadunidense e de todos os instrumentos internacionais como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional, "utilizados pelo império para dominar à nação sul-americana".

"Como hoje, 1949, o FMI iniciava sua intervenção na Bolívia enviando aos técnicos James Thackaray e William Taylor, para nos dar créditos condicionados. Graças à Revolução Democrática e Cultural, libertamo-nos dessas imposições", apontou também o chefe de estado boliviano em sua conta oficial de Twitter. 

Evo chamou o povo que mantivesse os avanços atingidos na última década graças à luta dos movimentos sociais que possibilitou a soberania econômica, política, social e cultural dos bolivianos.